Sol quadrado – Lobista da construtora Engevix, Milton Pascowitch foi preso na manhã desta quinta-feira (21), na décima terceira fase da Operação Lava-Jato. Pascowitch é o alvo principal das investigações envolvendo o suposto recebimento de propinas pelo ex-ministro José Dirceu, pelo ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque e o Partido dos Trabalhadores. O lobista pagou R$ 1,4 milhão a Dirceu e R$ 1,2 milhão a Duque.
O pagamento da Jamp, empresa de fachada de Pascowitch, à JD Assessoria e Consultoria Ltda., do ex-ministro José Dirceu de Oliveira e Silva, foi entre 2011 e 2012. Dirceu alegou que o pagamento decorreu de serviços de consultoria internacional prestados à construtora Engevix Engenharia, em Cuba e no Peru.
De acordo com a investigação da Lava-Jato, a Jamp era usada pelo lobista para esquentar o dinheiro da propina. Procuradores acreditam que não há aparente relação justificável para a relação comercial formal entre as partes. O que reforça a suspeita é o depoimento de um dos sócios da Engevix, Gérson de Mello Almada, no dia 18 de março. O vice-presidente da empreiteira confessou ter pago por serviços de “lobby” ao operador de propina, como forma de garantir seus contratos na Petrobras.
Graças aos seus contatos com membros do PT, entre eles o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, o lobista Pascowitch seria um “abridor de portas” na Petrobras. O que chamou a atenção dos investigadores foi que Almada admitiu ter contratado as consultorias internacionais da JD para abrir mercado em Cuba e no Peru, mas diz desconhecer a relação comercial entre a Jamp e a empresa do ex-ministro. A JD, por meio de nota, nega qualquer irregularidade e informa que os contratos foram legais. Entre 2008 e 2012, a Jamp e a Engevix pagaram juntas R$ 2,6 milhões ao ex-ministro José Dirceu, também por serviços de consultoria.
Na casa de Duque, no Rio de Janeiro, a Polícia Federal já havia encontrado contrato de consultoria da D3TM Consultoria e Participação, empresa de Duque, com a com a Jamp Engenheiros Associados, no valor de R$ 1,2 milhão.
“(A D3TM) A empresa era fachada do ex-diretor para receber propina de quando ele era ex-diretor da Petrobrás, que continuou até 2014″, revelou Carlos Fernando Lima, procurador da República e um dos coordenadores da força-tarefa da Lava Jato, em entrevista coletiva nesta quinta-feira, em Curitiba.
Como comprovam os contratos e as notas apreendidas nas buscas feitas pela PF, a Engevix também contratou os serviços de consultoria do ex-diretor de Serviços, Renato Duque, em 2014.
Duque foi preso depois que foi deflagrada a operação “Que País é Esse?”. Pelo menos onze notas fiscais apreendidas mostram pagamentos mensais da Jamp de R$ 100 mil para a D3TM, entre maio de 2013 e abril de 2014, quando o ex-diretor comunicou que não poderia mais cumprir seu contrato. Ainda foi encontrado o documento de encerramento da parceria.
Além da Jamp, a D3TM foi contratada também por outras empreiteiras do cartel acusado de cartel e corrupção na Petrobrás, com a UTC, a OAS e a Iesa. O ex-diretor de Serviço era indicado do PT e ocupou o cargo entre 2003 e 2012. Ele nega qualquer irregularidade envolvendo os contratos da estatal. Preso pela primeira vez em 14 de novembro, foi solto dias depois por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). (Por Danielle Cabral Távora)
