CPI da Petrobras: relator questiona Eduardo Leite sobre “Castelo de Areia” e assusta o governo

(Marcelo Camargo - ABr)
(Marcelo Camargo – ABr)
Lenço de papel – Relator da CPI da Petrobras, que tramita na Câmara dos Deputados, o petista Luiz Sérgio (RJ) é no mínimo debochado. Ao inquirir, na manhã desta terça-feira (26), Eduardo Hermelino Leite, ex-vice-presidente da construtora Camargo Corrêa e respondendo a processos na Operação Lava-Jato, o relator questionou o depoente sobre as razões que levaram empresa de tamanha importância a se valer dos sérvios de Alberto Youssef, criminoso conhecido e membro de uma família que é uma organização criminosa.

O Partido dos Trabalhadores foi um dos artífices do Petrolão, o maior esquema de corrupção da história, chegando ao ponto de ser comparado a uma organização criminosa, mas o deputado-relator cometeu a ousadia de tentar salvar uma legenda que é corroída por escândalos seguidos. É fato que Luiz Sérgio, homem de confiança do mensaleiro José Dirceu, cumpre ordens superiores, mas é inaceitável que um parlamentar se preste a papel tão pequeno.

Sabidamente despreparado em termos políticos, Luiz Sérgio deu mostras, mais uma vez, de sua incontestável inépcia. Sem ter o que perguntar a Eduardo Leite, o deputado petista trouxe à baila o envolvimento da Camargo Corrêa na Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, que investigou um esquema de pagamento de propinas a políticos, ação que foi anulada no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

No momento em que a Castelo de Areia foi anulada por decisão do STJ, o vice-presidente da República, Michel Temer, investigado na operação da PF, acabou escapando de um considerável escândalo de corrupção, que pode ter servido como balão de ensaio para o Petrolão.

Não precisou muito tempo para que o Palácio do Planalto, diante da insistência de Luiz Sérgio com a Operação Castelo de Areia, tomasse providências. Bastou um telefonema para que o assunto fosse deixado de lado, sem que Eduardo Leite pudesse responder a contento sobre o esquema criminoso.

O deputado petista decidiu questionar Eduardo Leite sobre a Castelo de Areia no momento em que a presidente Dilma Rousseff está em visita oficial ao México e Michel Temer cuidando da articulação política para tentar aprovar a Medida Provisória 665, um dos pilares do pacote fiscal. Caso o assunto da Operação Castelo de Areia prosperasse e o nome de Temer viesse à baila, por certo azedaria a relação entre Dilma e seu articulador político, que, vale lembrar, de tolo nada tem.

Lágrimas de encomenda

O depoimento de Eduardo Hermelino Leite à CPI da Petrobras serviu para nada, a não ser para que a oposição protagonizasse mais um espetáculo pirotécnico que não contribui para a melhoria do País. Mesmo assim, a fala do depoente contou com um momento de emoção, mesmo que ensaiado. Ao falar das filhas e do prejuízo causado por sua prisão à imagem da família, Leite disse: “Isso não me é agradável”.

Esse discurso combinado com os advogados não convence quem conheceu de perto o estilo de vida nababesco que Eduardo Leite levava enquanto estava operando com largueza no Petrolão. Naqueles tempos, o agora réu da Lava-Jato não pensou no estrago que sua atuação provocaria na vida das filhas e da família. Apresentando-se sempre com excesso de soberba, o ex-executivo da Camargo Corrêa apenas tinha olhos para gastos milionários com as filhas, as mesmas que hoje ele tenta poupar dos efeitos colaterais de sua conduta irresponsável. E suma, a encenação deixou a desejar.

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