Ex-presidente da CBF, José Maria Marin, e outros seis cartolas são presos na Suíça acusados de corrupção

josemaria_marin_16Castelo de areia – Demorou, mas acabou acontecendo. A mão da Justiça chegou à Confederação Brasileira de Futebol, a canhestra CBF. É fato que no caso em questão a Justiça não é a brasileira, mas a dos Estados Unidos, onde corrupção é crime grave.

A pedido da Justiça norte-americana, a polícia da Suíça prendeu na manhã desta quarta-feira (27), em Zurique, sete dirigentes da FIFA, dentre eles o brasileiro José Maria Marin, de 83 anos, ex-presidente da CBF e atual vice-presidente da entidade.

De acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, foram detidos, além de Marin, Jeffrey Webb, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Eugenio Figueredo e Rafael Esquivel. Eles estão na cidade suíça para participar do congresso da FIFA e da eleição da entidade, que apesar do entrevero foi confirmada para a próxima nesta sexta-feira (29).

Os alvos da operação são principalmente dirigentes da Concacaf, como Jeffrey Webb, presidente da entidade que engloba os países das Américas do Norte e Central e do Caribe.

Agentes e policiais suíços chegaram ao luxuoso hotel Baur au Lac, em Zurique, onde os dirigentes estão reunidos para um congresso anual da entidade máxima do futebol planetário. A entrada do prédio foi bloqueada e dezenas de jornalistas se aglomeravam no local, o que facilitou a cobertura da prisão dos cartolas.

José Maria Marin foi escoltado por autoridades suíças na saída do hotel, mas até agora não há informação sobre o local para onde os detidos foram levados. O atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, estafeta de luxo de Marin, estava no hotel, mas não foi preso por seu nome não constar da investigação da Justiça dos EUA.

Esquema de US$ 150 milhões ou mais

De acordo com informações da polícia da Suíça, as acusações contra os cartolas têm como base um grande esquema de corrupção que vigorou na FIFA nos últimos vinte anos e foi estimado em mais de US$ 100 milhões. O esquema envolve crimes como fraude, extorsão e lavagem de dinheiro em negócios ligados a campeonatos na América Latina, além de acordos de marketing e contratos de transmissão televisiva.

Em nota, as autoridades suíças informaram que contas bancárias dos acusados, usadas para o recebimento de propinas, foram bloqueadas no país europeu.

Além dos sete detidos nesta quarta-feira, outros sete dirigentes e empresários foram acusados de corrupção no caso por lavagem de dinheiro e fraude. “Num esquema que atuava há 24 anos para enriquecer dirigentes através da corrupção no futebol internacional”, informa nota da Justiça dos EUA.

Segundo autoridades judiciárias norte-americana, pelo menos quatro acusados confessaram culpa no caso, o que corresponde no Brasil à delação premiada. Isso porque a confissão de culpa (“plead guilty”, em inglês), via de regra, vem acompanhada da colaboração com a Justiça.

Além da investigação que corre nos EUA, as autoridades suíças fizeram uma operação de busca e apreensão na sede da FIFA, onde recolheram documentos relacionados à escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022.

“A Fifa vai cooperar plenamente com a investigação e apoiar a busca por provas. Como observado pelas autoridades suíças, a coleta de provas está sendo realizada numa base de cooperação. Estamos satisfeitos em ver que a investigação está sendo energicamente perseguida para o bem do futebol e acredito que vai ajudar a reforçar as medidas que a Fifa já toma”, informou a entidade em nota divulgada à imprensa.

O Departamento de Justiça dos EUA informou que quatorze pessoas serão acusadas formalmente por envolvimento no escândalo. Além dos detidos, estão também os dirigentes Jack Warner e Nicolás Leoz, os executivos de marketing esportivo Alejandro Burzaco, Aaron Davidson, Hugo Jinkis, Mariano Jinkis, além de José Margulies, suposto intermediário que era responsável por facilitar o pagamento dos subornos.

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