Vice do então governador Maluf, Marin superou o mestre e pode passar o resto da vida na cadeia

josemaria_marin_19Sala de aula – Diz a sabedoria popular que o fruto, podre o não, jamais cai longe da árvore. Esse ditado cai como luva de pelica para José Maria Marin, ex-presidente da CBF, preso em Zurique na manhã desta quarta-feira (27) a pedido da Justiça dos Estados Unidos, juntamente com outros seis cartolas larápios da FIFA. Marin, assim como os outros presos, são acusados de corrupção, entre outros crimes cometidos em território norte-americano, onde a lei é implacável com esse tipo de delito.

A investigação começou depois que os Estados Unidos perderam a disputa para sediar a Copa do Mundo de 2022, debaixo de um rumoroso caso de corrupção envolvendo o país vencedor, o Qatar.

A escola de José Maria Marin no mundo da malandragem não é das piores. Durante a ditadura militar, ele foi vice do então governador Paulo Salim Maluf, que a pedido da Justiça dos Estados Unidos não pode cruzar a fronteira brasileira, sob pena de ser apanhado pela Interpol. Maluf foi investigado pelo então promotor Robert Morgenthau, de Nova York, e é alvo de vários processos criminais na terra do Tio Sam, onde Marin, se condenado, poderá passar até 20 anos atrás das grades.

Marin assumiu o governo de São Paulo em abril de 1982, quando Maluf deixou o cargo para concorrer à Câmara dos Deputados, permanecendo no comando do mais importante estado brasileiro até março de 1983. De acordo com o relato de um ex-integrante do governo Maluf, que conversou com o UCHO.INFO sob a condição do anonimato, Marin fez muitos negócios e teria usado um “laranja” para ocultar os bens. O escolhido foi um ex-cartorário da capital paulista, que abrigou em seu nome muitos imóveis que pertenciam de fato ao então governador. Acontece que Marin decidiu cortejar a bela esposa do cartorário “laranja”, que acabou se separando. E Marin acabou sem metade do patrimônio oculto, que por lei foi dado à fogosa traidora.

Figura canhestra do futebol verde-louro, José Maria Marin aprendeu na ditadura o ofício de alcaguete. Por isso muitos dos envolvidos nas malandragens futebolísticas nacionais temem pela possibilidade de o cartola tupiniquim, de 83 anos, decidir cooperar com a Justiça dos EUA, assim como fez o empresário J. Hawilla, dono da Traffic, que devolveu ao assinar acordo de delação e declarar-se culpado devolveu US$ 151 milhões, dinheiro proveniente de vários crimes cometidos no mundo da bola.

O currículo de Marin sempre foi digno de batedor de carteira da Praça da Sé, mas agora o cartola se superou. Recentemente, José Maria Marin envolveu em episódio dantesco ao surrupiar, diante das câmeras de televisão, uma medalha durante premiação da Copa São Paulo de Juniores. O assunto reverberou na imprensa nacional, Marin tentou se justificar, mas não devolveu a medalha que deveria ter sido entregue a um atleta.

Um dos casos mais bizarros envolvendo o atual vice-presidente da CBF teve como vítima um vizinho. Sem jamais ter trabalhado a ponto de amealhar fortuna, Marin, há anos, comprou um dos mais caros apartamentos da capital paulista, encravado na valorizada e concorrida região dos Jardins. Para fazer as vontades da esposa, Neusa, Marin mandou construir no apartamento duplex uma escada semelhante ao do filme “O Vento Levou”.

Contudo, não demorou muito para a megalomania do cartola passar a conviver com sua essência gatuna. Preocupado com o elevado consumo de luz no nababesco apartamento, de onde só saía na companhia de dois truculentos seguranças, Marin decidiu se apropriar da energia do imóvel vizinho. Ou seja, fez o famoso “gato de luz”. A vítima estranhou a elevada conta de luz e reclamou à companhia distribuidora, que no local acabou descobrindo a maracutaia de José Maria Marin.

Resumindo, Paulo Maluf foi um excelente professor, mas José Maria Marin conseguiu superar o mestre, não apenas porque a lenda garante que assim se dá a relação entre criador e criatura, mas porque sua essência de alarife é incontestável.

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