Pano para manga – O senador Romário de Souza Faria (PSB-RJ) protocolou na noite de quarta-feira (27) requerimento para criação da Comissão Parlamentar de Inquérito da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), com 52 assinaturas de apoio dos colegas. Era necessário o número mínimo de 27 assinaturas.
A CPI da CBF foi motivada pela investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre a participação de dirigentes da Federação Internacional de Futebol (FIFA) e empresários em uma fraude na escolha dos países-sede das duas próximas Copas do Mundo (Rússia, 2018, e Catar, 2022).
De acordo com as autoridades norte-americanas, durante as investigações foram encontrados indícios de práticas ilícitas em outros países. No Brasil, as suspeitas recaem sobre contratos de patrocínio e de transmissão da Copa do Mundo de 2014, assinados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Atendendo a pedido da procuradoria de Nova York, a polícia da Suíça efetuou prisões de sete dirigentes da FIFA no hotel Baur au Lac, de Zurique, cidade onde acontece um evento da entidade. Entre os presos está o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, que ao deixar o hotel, visivelmente abatido, teria dito: “Mas só eu? Onde estão os outros?”. Os dirigentes foram indiciados por extorsão e corrupção pela procuradoria de Nova York, que investiga o caso.
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, 14 réus, entre eles os dirigentes da FIFA presos na quarta-feira, são acusados de extorsão, fraude e lavagem de dinheiro em “um esquema de 24 anos de enriquecimento por meio da corrupção no futebol”. A legislação dos EUA pune com severidade crimes como corrupção e lavagem de dinheiro.
Mais cedo, o senador Zezé Perrela (PDT-MG) também anunciou a intenção de coletar assinaturas para a CPI. Com a apresentação do requerimento pelo senador Romário, Perrela poderá participar como membro da nova comissão. A CPI deverá ser instalada depois que as assinaturas forem conferidas pela Mesa Diretora do Senado e o requerimento for lido em plenário pelo presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
O foco inicial da investigação do Departamento de Justiça dos EUA estava sobre as Copas de 2018 e 2022, mas se o radar for estendido para a Copa do Mundo realizada no Brasil, em 2014, a situação do governo ficará ainda mais difícil. Afinal, se a CPI for séria e para valer, será preciso convocar alguns dos envolvidos na escolha do Brasil como sede do evento futebolístico planetário, começando por Luiz Inácio da Silva, o agora lobista de empreiteira, que tem um telhado de vidro muito maior do que o Itaquerão. Sem contar os estádios superfaturados que serviram para a Copa e foram financiados com dinheiro público, apesar da conhecida roubalheira.
