Requião emplaca o irmão no Conselho de Itaipu, com R$ 25 mil de salário e trabalho uma vez por mês

mauricio_requiao_01Rei da mordomia – O senador Roberto Requião (PMDB) deu mais uma demonstração de seu conhecido apego à família. No caso, à própria família. Requião acaba de emplacar o irmão, o psicólogo desempregado Maurício Requião, como conselheiro da Itaipu Binacional, emprego que muitos classificam como sendo dos sonhos.

Para participar das reuniões do conselho administrativo da Itaipu, uma vez por mês, em Foz do Iguaçu, receberá um salário de R$ 25 mil mensais e o trabalho não é extenuante. Basta referendar as decisões tomadas pela diretoria executiva do capítulo brasileiro da hidrelétrica, que um dia foi a maior do planeta. As despesas de viagens, estadia e alimentação é tudo custeado pela binacional.

A presidente da República também nomeou, para o conselho de Itaipu, Roberto Amaral (PSB), ex-ministro de Ciências e Tecnologia no governo Lula e “pai da bomba atômica brasileira”. Amaral, na última eleição, tentou levar seu partido, em vão, a apoiar Dilma nos primeiro e segundo turnos. No mesmo ato, Dilma exonerou Luiz Pinguelli Rosa, ex-presidente da Eletrobras e especialista em energia elétrica.

Boca dourada

Requião, quando governador, tentou transformar o irmão Maurício em conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná, cargo vitalício que paga salário de R$ 26 mil e dá direito a auxílio-moradia de R$ 4,3 mil. Conseguiu nomeá-lo, mas o irmão ficou “sub judice” porque bateu na trave da súmula antinepotismo.

Maurício havia sido nomeado para o TC, em 2008, para ocupar a vaga do ex-conselheiro Henrique Naigeboren, aposentado compulsoriamente ao completar 70 anos. Ele [Maurício], porém, não exerceu suas funções no Tribunal de Contas do Paraná, uma vez que o advogado Cid Campêlo Filho questionou a nomeação do irmão do ex-governador no Supremo Tribunal Federal (STF). A alegação é que a indicação de Maurício, feita durante o governo Requião, desrespeitaria a Súmula n.º 13, que proíbe a prática de nepotismo em órgãos públicos.

Em março de 2009, o ministro Ricardo Lewandowski concedeu liminar impedindo a atuação de Maurício Requião no cargo de conselheiro até a discussão de mérito do assunto – o que ainda não ocorreu. Existe a possibilidade jurídica de que, com o ato da Assembleia e do governo tomado ontem, a discussão do assunto no STF perca o objeto. Ou seja, o assunto nem mesmo iria à apreciação pelos ministros do Supremo. Mas essa análise jurídica ainda não é dada como certa.

Com a nomeação de Maurício para a binacional Itaipu por Dilma Rousseff (que precisa, desesperadamente, recompor sua base política), Roberto Requião consegue transformar o irmão em conselheiro, ainda que por apenas dois anos, período que renderá ao nomeado a bagatela de R$ 600 mil em salários, sem contar as mordomias.

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