Questão de tempo – Isolado depois de ter abandonado a cidade suíça de Zurique, largando o presidente da FIFA, Jospeh Sepp Blatter, à própria sorte, o cartola Marco Polo Del Nero, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, pode renunciar ao cargo na próxima quinta-feira, 11 de junho, data em que ocorrerá uma assembleia extraordinária da entidade.
Sucessor de José Maria Marin, preso na Suíça sob a acusação de corrupção, entre outras, Del Nero tenta mudar o estatuto da CBF para impedir que o vice-presidente mais velho assuma o comando da entidade em caso de ausência do presidente. A manobra de Marco Del Nero visa atingir o presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto, que promete ir à Justiça se o estatuto da CBF for alterado a fórceps.
A articulação do presidente da CBF está sendo interpretada como preâmbulo de possível renúncia, algo que já conta com o apoio incondicional do Palácio do Planalto e de ex-jogadores da seleção brasileira, como Romário de Souza Faria e Ronaldo Nazário de Lima. Ambos têm dado declarações contundentes com o objetivo de fragilizar o principal cartola do futebol brasileiro.
A situação de Marco Polo Del Nero, que já era difícil depois da prisão de Marin, tornou-se insustentável com o anúncio de que as autoridades norte-americanas decidiram investigar a escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014. Aliás, o Brasil concorreu sozinho à vaga, o que gerou suspeitas e pode colocar na mira das investigações alguns conhecidos políticos brasileiros, começando pelo alarife Luiz Inácio da Silva, o lobista Lula.
Um grampo telefônico feito pelo empresário J. Hawilla, a pedido do FBI, coloca José Maria Marin em maus lençóis. Na gravação ele discute a forma de dividir a propina paga pelos direitos de transmissão da Copa do Mundo, assunto que foi negociado inicialmente por Ricardo Teixeira, seu antecessor no cargo.
Quando Marin começar a contar o que sabe e revelar os nomes dos envolvidos no esquema criminoso, a CBF simplesmente implodirá. Se nesse imbróglio futebolístico que chacoalha a seara do esporte bretão há corruptos, por certo há corruptores, pois um personagem não existe sem o outro, afinal são interdependentes. No caso do Brasil, a confusão acabará alcançando empresários conhecidos, executivos de grandes empresas, veículos midiáticos e badalados profissionais de comunicação.
Quem acompanha o noticiário nacional em suas minúcias consegue detectar os possíveis alvos das investigações, os quais em algum momento hão de confessar participação no escândalo internacional. Um dos que podem cair na malha do FBI é empresário e jacta-se de sua intimidade com políticos e grandes executivos e donos de companhias. O assunto vem sendo comentado reservadamente na maior cidade brasileira, São Paulo, mas é dado como certo envolvimento desse empresário que é conhecido por sua fama de oportunista.
Por outro lado, alguns profissionais de comunicação simplesmente saíram de cena depois que o esquema de propinas na FIFA veio à tona. De igual modo, alguns importantes veículos de comunicação têm adota cautela ao noticiar os episódios do imbróglio que tem todos os ingredientes para acabar mal e com muitos presos.