Itália confirma extradição de Pizzolato, assunto que preocupa o PT e pode reabrir o Inquérito 2474

henrique_pizzolato_15Sol quadrado – A decisão da Justiça italiana, proferida na manhã desta quinta-feira (4), de negar o recurso apresentado pelos advogados de Henrique Pizzolato, autorizando a extradição do mensaleiro condenado no Brasil à prisão pelo Supremo Tribunal Federal na Ação Penal 470 (Mensalão do PT), deixa a cúpula petista de sobreaviso.

O Tribunal Administrativo Regional do Lazio referendou a extradição, autorizada anteriormente pelo governo do primeiro-ministro Matteo Renzi, e a informação foi confirmada por Giuseppe Alvenzio, representante do Ministério da Justiça italiano.

Com a decisão, o caso volta ao Ministério da Justiça italiano, que até sexta-feira (5) fixará a nova data para a extradição dePizzolato, que ingressou no país europeu usando um passaporte falsificado em nome do irmão, já falecido. A partir de então, o governo brasileiro terá vinte dias para realizar a transferência.

Contudo, a defesa de Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, informou recorrerá ao Conselho de Estado, que deverá analisar o novo recurso.

Em comunicado, o Tribunal Administrativo informou que o recurso foi negado porque os juízes nada encontraram de errôneo na decisão do ministro Andrea Orlando, da Justiça, que autorizava a extradição de Henrique Pizzolato ao Brasil. O tribunal também destacou que a confirmação da extradição se deu no rastro dos compromissos assumidos entre ambos o países, que garantem a Pizzolato permanência em uma ala especial da prisão, no caso o Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, onde outros mensaleiros condenados pelo STF cumpriam pena.

A promessa de que Pizzolato não ficará com presos comuns foi feita por Dilma Rousseff ao governo italiano, mas a realidade do sistema prisional brasileiro desmonta a fala da presidente da República.

O petista José Dirceu de Oliveira e Silva, também condenado no Mensalão do PT, gozou de regalias na Papuda porque à época do cumprimento da pena o chefe da Casa Civil do governo do Distrito Federal era ninguém menos que o “companheiro” Swedenberger Barbosa, que facilitou mordomias como televisão de plasma, acesso à internet e telefone celular na espaçosa cela ocupada pelo chefe do esquema de corrupção que garantiu a Lula apoio incondicional no Congresso. Swedenberger foi homem de confiança de Dirceu quando este ocupou a Casa Civil do governo petista.

No caso de a extradição de Henrique Pizzolato ser confirmada pelo Conselho de Estado italiano, o PT terá de se movimentar para evitar o pior, pois o ex-diretor do BB certamente contará o que sabe acerca do esquema de corrupção. É importante destacar que durante a CPMI dos Correios, Pizzolato, em depoimento, acusou o ex-ministro Luiz Gushiken de ser o mandante dos desvios de dinheiro da instituição financeira, mais precisamente do Visanet. Foi o suficiente para que Pizzolato fosse abandonado pelos “companheiros”.

Por outro lado, apesar de todas as negativas por parte da cúpula petista, o ministro José Eduardo Martins Cardozo, em entrevista às “páginas amarelas” da revista Veja, reconheceu a existência do Mensalão do PT. Ou seja, no há como a “companheirada” negar a existência do esquema criminoso.

A grande questão que marca o retorno de Henrique Pizzolato ao Brasil é que eventual revelação da verdade poderá acelerar a reabertura do Inquérito 2474, do Supremo Tribunal Federal, que guarda informações sobre o Mensalão do PT que foram descartadas pela Corte, mas que revelam as entranhas do esquema comandado por Marcos Valério, que também cumpre pena de prisão.

No Inquérito 2474 há detalhes explosivos que certamente podem mandar pelos ares a República e o próprio Partido dos Trabalhadores, como, por exemplo, o dinheiro pago aos alarifes petistas por duas companhias de telefonia celular, à época controlada por um conhecido banqueiro oportunista, que usou um sistema de superfaturamento de campanhas publicitárias para repassar recursos imundos à legenda.

Quando o Inquérito 2474 for esmiuçado, o que poderá acontecer com a extradição de Pizzolato, o Brasil conhecerá as conexões entre muitos escândalos de corrupção, como o que culminou com o assassinato de Celso Daniel, a Operação Chacal, a Operação Satiagraha e outras ações mais.

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