Artilharia pesada – Cada vez mais preocupado com os desdobramentos da Operação Lava-Jato, que certamente trará muitas novidades ao longo do tempo, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva pode encerrar esta quinta-feira em situação ainda pior. Conhecido nos bastidores do poder como o mais influente lobista da empreiteira Odebrecht, cujo presidente, Marcelo Odebrecht, foi preso pela Polícia Federal e permanece na carceragem do órgão em Curitiba, Lula será alvo do depoimento do empresário e advogado Auro Gorentzvaig, que nesta quinta-feira (2) participa de audiência na CPI da Petrobras.
Filho do também empresário Boris Gorentzvaig, já falecido, e herdeiro da Petroquímica Triunfo, Auro revelará aos deputados da CPI como aconteceu a expropriação da empresa, operação que só foi possível com a ajuda bandoleira de Lula e da diretoria da Petrobras, com o objetivo de beneficiar a Odebrecht.
Na edição de 2 de outubro de 2014, o UCHO.INFO afirmou, sem medo de errar, que a grande questão na Operação Lava-Jato estava na necessidade de o grupo Odebrecht ter de explicar, em algum momento, o processo de expropriação da Petroquímica Triunfo.
Para que os leitores compreendam a estranha manobra, que desrespeitou os direitos do empresário Boris Gorentzvaig, então sócio da Triunfo, o setor petroquímico nacional é quase um monopólio do grupo Odebrecht. Isso porque o então presidente Lula quis assim, Dilma pressionou para que isso acontecesse dessa forma e Paulo Roberto Costa deu tratos às ordens palacianas.
Na esteira das matérias deste site sobe o estranho domínio da Odebrecht no setor petroquímico e a criminosa expropriação da Petroquímica Triunfo, o Ministério Público Federal decidiu abrir inquérito, no escopo da Lava-Jato, para investigar o caso. Sempre lembrando que as autoridades aproveitaram os muitos depoimentos de Costa para esclarecer dúvidas sobre o assunto.
Lula desdenha a Justiça
Em reunião com o empresário Auro Gorentzvaig, o então presidente Lula, na presença de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento e Petroquímica da Petrobras, reduziu a pó o Poder Judiciário. Em denúncia encaminhada ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e ao juiz Sérgio Fernando Moro, responsável pela condução dos processos decorrentes da Lava-Jato, o empresário transcreve as acintosas palavras de Lula: “O Poder Judiciário não vale nada, o que vale é a relação entre as pessoas…”.
Auro também relata no documento que a intimidade entre Lula e Costa, marcada pela submissão do ex-diretor da Petrobras, era nauseante. Em dado trecho do encontro, que ocorreu no Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília, onde à época funcionava provisoriamente a Presidência da República, Paulo Roberto acatou uma determinação de Lula com a seguinte frase: “Presidente, sua ordem é uma determinação…”.
Em determinado trecho da denúncia, que tem efeito devastador caso as autoridades dispensem a devida atenção ao escândalo, o empresário confirma o que já é voz corrente. “Todos os empresários do setor, incluindo eu, sabiam que Paulo Roberto Costa funcionava como operador de Lula dentro da Petrobras”, escreveu Auro Gorentzvaig no documento.
Covardia e cartas marcadas
Mais adiante, em outro trecho do documento enviado a Janot e Moro, o empresário dá detalhes de como foi decidido o futuro da Petroquímica Triunfo. “Na ocasião, Paulo Roberto Costa, diretor da área de petroquímica nos informou: “…No setor Petroquímico já estava definido que só empresas atuariam no setor: uma era a Odebrecht, a outra será definida”. Ao que perguntei : “E a Petroquímica Triunfo?”. Ele [Costa] respondeu: “…A Triunfo será eliminada, conforme as diretrizes estabelecidas pelo presidente da República”.
O escândalo não para aí e pode ser muito maior do que o Petrolão, pois envolve um setor empresarial que responde, direta ou indiretamente, por muitos da economia do país. Na denúncia, que reafirmamos ser explosiva, Gorentzvaig vai além e relata o recuo da Petrobras em relação à venda das ações da Petroquímica Triunfo.
“Em audiência de conciliação na Justiça Estadual do Rio Grande do Sul, a Petrobras pediu R$ 355 milhões pela sua parte na Petroquímica Triunfo. Em juízo, a Petroplastic concordou em pagar (oferta vinculante) o valor pleiteado pela petroleira nacional”, detalhou o empresário.
“A Petrobras recuou em sua decisão e, oito meses após a audiência de conciliação, repassou de maneira ilegal 100% das ações da Petroquímica Triunfo, transação avaliada em R$ 117 milhões. Ou seja, recusou R$ 355 milhões em dinheiro à vista, por 85% do capital social da empresa, operação que causou prejuízo de R$ 305 milhões à Petrobras, aos cofres públicos e ao Tesouro Nacional, um claro crime de lesa pátria em benefício da Braskem, do Grupo Odebrecht”, completou.
Protagonismo criminoso e corrupção
Auro Gorentzvaig, que ao lado do irmão há muito luta na Justiça para reaver aquilo que lhe é devido, não poupa os artífices da trama e mostra sua invejável dose de coragem. “Os participantes da transação são: Paulo Roberto Costa, Dilma Vana Rousseff, José Sérgio Gabrielli de Azevedo e Luiz Inácio Lula da Silva”, afirma no documento.
“No mesmo período, como demonstrou a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, coincidentemente Paulo Roberto Costa recebeu US$ 23 milhões de propina em bancos na Suíça. O pagamento foi feito pela Odebrecht, sendo o diretor de plantas industriais da empresa o senhor Rogério Santos de Araújo”, destacou o empresário e um dos sucessores de Boris Gorentzvaig.
A denúncia é grave e é revelada com absoluta exclusividade pelo UCHO.INFO, que há meses abriu espaço para um escândalo que pode superar, em valores, todos os outros ocorridos até então no Brasil, que há mais de uma década vive à sombra da impunidade.
Ameaças rasteiras
O UCHO.INFO e seu editor têm sido pressionados por criminosos anônimos que disparam telefonemas estranhos e tentam derrubar nossos computadores e servidores, mas esses saltimbancos da pátria fica um recado: nada nos deterá na empreitada de passar o Brasil a limpo.
Que esses marginais, que agem a mando dos donos do poder, saibam desde já que o calvário está apenas começando, pois em nossos arquivos há um estoque de denúncias que pode implodir a República a qualquer momento. Alguns integrantes do governo sabem disso e preferem não nos incomodar, pois reconhecem o nosso trabalho como necessário, sério e responsável.
Prova primeira – e menor – desse arquivo explosivo é a origem do dinheiro utilizado para pagar a defesa de alguns palacianos encalacrados em escândalos de corrupção. Em determinado caso, o pagamento, feito em dinheiro vivo, ocorreu em importante gabinete da Esplanada dos Ministérios. A continuar a pressão, covarde e rasteira, o Brasil cairá como castelo de cartas.
Clique e confira a íntegra da denúncia encaminhada ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e ao juiz federal Sérgio Fernando Moro pelo empresário Auro Gorentzvaig.