Isolada no rastro da crise econômica, Grécia quer estreitar relações com os Brics

grecia_crise_25Correndo por fora – Deixado de lado pelos líderes europeus, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, quer se aproximar do Brics, o bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Os ministros do governo grego, a maioria do Syriza, partido de esquerda comandado por Tsipras, pressionam o premiê a estreitar as relações, principalmente diante do risco real de o país ter de deixar a zona do euro.

Na quarta (8) e quinta-feira (9), os chefes de Estado do Brics, incluindo a presidente Dilma Rousseff, se reúnem em Ufá, na Rússia, para lançar oficialmente o Novo Banco de Desenvolvimento, composto por recursos de cada país e com um capital que pode chegar a US$ 100 bilhões.

É bem provável que uma delegação do Syriza vá à Rússia. De acordo com a assessoria do partido, por causa da reforma ministerial em curso pós-plebiscito, a viagem ficou indefinida, porém ainda pode ocorrer.

Lideranças do Syriza não acreditam na viabilidade de um convite tão cedo para a Grécia ser o sexto membro do bloco, entretanto querem um aceno da cúpula em defesa de uma solução na Europa que evite o colapso do país.

Segundo alguns setores do Syriza, os Brics seriam, em um primeiro momento, aliados políticos e alternativas de interlocução.

Na última semana, em meio à crise com credores e à campanha do plebiscito, a mídia grega levantou rumores de que o país estaria negociando com a Rússia para ser o sexto membro do Brics. Inclusive, a direção do Syriza chegou a anunciar em maio que Alexis Tsipras havia sido convidado pelo governo russo a integrar o bloco. Na última quinta-feira (2), diante de muitas especulações na Grécia, o ministro de Finanças da Rússia, Anton Siluanov, negou a informação.

Há pelo menos duas razões que inviabilizam hoje esse tipo de acordo: o fato de a Grécia integrar, mesmo sob risco de sair, a zona do euro, e, obviamente, nada ter a oferecer diante de uma dívida de 177% do PIB.

O país não teria condições de colaborar com o novo banco do Brics, criado para investimentos e relações comerciais entre os países, e não para socorrer ninguém à beira do abismo. (Danielle Cabral Távora)

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