Deputado ligado a Requião chama Temer de “bananão” e abre conflito entre o vice e o PMDB do Paraná

roberto_requiao_36Barraco partidário – Começou uma grave crise entre o grupo político do senador Roberto Requião (PMDB-PR) e a cúpula nacional do partido. Tudo por conta da divulgação de uma gravação em que o deputado estadual peemedebista Nereu Moura chama o vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, de “bananão”. A gravação, divulgada em blogs do Paraná e que faz sucesso viral nas redes sociais e no Youtube, mostra Nereu Moura, o mais fiel aliado de Requião na Assembleia paranaense, insultando o presidente do próprio partido em entrevista coletiva.

Temer, que pode se tornar presidente da República, na hipótese, hoje considerada possível, de Dilma Rousseff vir a ser impedida, é muito cioso de sua dignidade e prerrogativas dos cargos que exerce e não gostou nem um pouco do que ouviu. Na verdade, ficou furioso com o episódio. Seu humor teria piorado ainda mais quando soube que esse é o típico tratamento que lhe é dispensado pelo grupo de Requião. O senador, que é conhecido pelo humor sulfúrico, costuma dedicar regularmente a Michel Temer alguns dos seus epigramas mais sarcásticos.

A relação entre Temer, um político moderado, e Requião, dado a fazer discursos radicais de esquerda de corte bolivariano, nunca foi boa. Sempre foi marcada pela tolerância em decorrência de interesses convergentes. A relação parecia ter melhorado depois que Requião, com o beneplácito de Temer, conseguiu emplacar um irmão, Maurício Requião, como conselheiro da Itaipu Binacional, cargo que lhe permitirá embolsar R$ 25 mensais para participar de uma reunião mensal do Conselho, no qual terá a extenuante tarefa de referendar as decisões tomadas pela diretoria executiva. As reuniões acontecem em Foz do Iguaçu, mas as despesas de viagem e hospedagem, em hotel cinco estrelas, são todas bancadas pela binacional.

A assessoria de Michel Temer mandou levantar informações sobre Nereu Moura e descobriu que ele se distinguiu, durante o confronto entre professores e PMs em abril passado, por sua sede de sangue revelada na tribuna da Assembleia, quando o conflito estava no auge e alguns deputados pretendiam que a sessão fosse suspensa. Nereu, em declaração considerada espantosa, revelou que sonhava com vítimas graves (talvez fatais) para maximizar o desgaste do governo do estado. “Prefiro que continue a sessão e que haja derramamento de sangue para que o governo pague o pato por isso. Querem aprovar, aprovem. E que haja sangue, sim”, declarou.

Temer também foi informado que o maior aliado de Requião na Assembleia acaba de ter seu mandato cassado e teve os direitos políticos suspensos por oito anos, em primeira instância, por improbidade administrativa. Também foi condenado a multas e ressarcimento ao erário, por contratar uma esquadrilha de fantasmas na Assembleia durante o tempo em que foi líder do PMDB na Assembleia, entre 1999 e 2001.

Um dos crimes que levou o deputado a perder o mandato revela seu grau de intimidade com Requião. Um dos fantasmas que levou à cassação de Nereu Moura atende pelo nome Elza Chrispim Calixto, empregada doméstica do senador Requião.

Como o senador, conhecido defensor da Carta de Puebla (opção preferencial pelos pobres), não queria pagar a serviçal, ordenou a Nereu, seu mais fiel escudeiro, que desse um jeito de acertar o salário dela pela Assembleia. Elza, que é semianalfabeta, foi contratada para um cargo técnico na liderança do PMDB. Os valores que excediam o salário arbitrado por Requião para sua empregada doméstica voltavam, segundo a sentença que o condenou, para o bolso do então líder do governo.

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