Acuada diante da possibilidade de perder o mandato, Dilma tenta se defender em meio à crise

(EFE)
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Tiro no pé – Dilma Rousseff, a presidente, insiste em fingir que a crise político-institucional que chacoalha o Palácio do Planalto é invenção dos adversários e um golpe da oposição, mas é grande sua preocupação com a possibilidade de ser ejetada do cargo.

Desde que concedeu entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, em que ignorou as instituições constituídas da República, a presidente colocou a crise em lugar de destaque no Planalto, fazendo com que o governo sangrasse ainda mais no rastro dos escândalos de corrupção e de uma economia cambaleante.

Mesmo depois de afirmar “não vou cair”, decisão que não depende da presidente, mas das instituições, Dilma continua mostrando preocupação em relação ao tema. No vácuo de uma troca de acusações com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), a petista insiste em rebater o palavrório oposicionista. Sinal de que o desespero é muito maior do que se imagina.

Na Rússia, onde participa, na cidade de Ufá, da reunião da cúpula do BRICS, Dilma reagiu, nesta quinta-feira (9), às críticas da oposição de que passou por cima do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na entrevista concedida à Folha. Aécio Neves rebateu as criticas anteriores acusando o PT de “golpismo” e a presidente de se colocar à frente das instituições públicas que apuram irregularidades em sua gestão e nas contas de campanha. Dilma, pro sua vez, respondeu À provocação alegando que golpista “é quem prejulga”.

A troca de acusações, que parece não ter fim, foi inaugurada na última segunda-feira (6), quando a malfadada entrevista da presidente foi publicada. Na ocasião, Dilma criticou o movimento de partidos de oposição diante da hipótese de que seu mandato seja cassado, em especial no embalo de eventual decisão do TCU, que analisa as “pedaladas fiscais” do primeiro mandato da petista, ou à sombra do TSE, por conta de supostas irregularidades no financiamento da campanha eleitoral de 2014.

“Eu não vou cair, isso aí é moleza, é luta política”, rebateu Dilma. Se a presidente será despejada do Palácio do Planalto não se sabe ainda, mas é importante destacar que esse é o desejo da extensa maioria da população brasileira, que não mais suporta o banditismo político que campeia pelo País afora.

Por outro lado, Dilma deveria rever a história do seu partido antes de afirmar que golpista é aquele que prejulga. Se a fala da presidente é padrão para todas as situações envolvendo impeachment e outros badulaques constitucionais, então seu antecessor, o lobista e alarife Luiz Inácio da Silva, é um golpista nato.

Por muito menos, em 1992, Lula foi um dos líderes do movimento que culminou com o impeachment de Fernando Collor de Mello, apeado do poder em meio ao escândalo de corrupção que começou com um Fiat Elba. À época, Lula disse, após comício, que somente com a saída de Collor é que o País poderia solucionar os graves problemas que afligiam os brasileiros.

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