Contagem regressiva – Depois que ministros de Finanças e Economia do Eurogrupo encerraram, no domingo (12), reunião sem qualquer acordo sobre um novo e terceiro programa de resgate, a situação da Grécia passou a ser discutida pelos líderes da União Europeia, que devem decidir nas próximas horas o que fazer diante da grave situação da Grécia, que piora a cada instante.
Com dívidas acima de 150% DO Produto Interno Bruto (PIB), a Grécia terá de aprovar uma nova legislação, tarefa que caberá ao primeiro-ministro Alexis Tsipras, que ouviu dos líderes da União Europeia que a confiança no governo de Atenas precisa ser restaurada antes da reabertura das negociações em torno de novo programa resgate financeiro, o que tiraria o país da situação de “default” e garantiria sua permanência na zona do euro.
Ao menos seis medidas de austeridade, incluindo reformas fiscal e no sistema de pensões, terão de ser decretadas até a noite da próxima quarta-feira (15), caso a Grécia queira de fato permanecer na zona do euro. De igual modo, o pacote de resgate, que significa a liberação de mais um bilionário aporte financeiro no país, depende da aprovação do Parlamento, antes da retomada das negociações. A recomendação partiu dos ministros das Finanças do Eurogrupo e prontamente encampada pelos líderes da UE.
No documento, os ministros do Eurogrupo incluíram uma proposta da Alemanha para que a Grécia deixe temporariamente, pelo período de cinco anos, a zona do euro, caso o governo não consiga dar as garantias exigidas e promover as reformas necessárias para a concessão de um novo empréstimo. A proposta, batizada de “Grexit” (mistura da “Greece” e “exit”), foi rejeitada por alguns ministros.
Ao chegar em Bruxelas, onde participa das reuniões ao lado de líderes europeus, Alexis Tsipras disse que a Grécia busca”mais um compromisso honesto” para manter a Europa unida. Ou seja, o premiê Greco continua apostando no blefe como forma de pressionar aqueles que decidirão o futuro do país. “Podemos alcançar um acordo esta noite se todas as partes quiserem”, completou Tsipras.
Enquanto Alexis Tsipras aposta na corda esticada para conseguir um novo programa de resgate, a chanceler alemã Angela Merkel adota discurso cauteloso em relação ao tema, já que na Alemanha cresce a rejeição a uma ajuda maior à Grécia. “O meio corrente mais valioso foi perdido, que é a confiança”, disse Merkel. “Isso significa que teremos discussões difíceis e não haverá acordo a qualquer preço”, completou.
De acordo com a proposta da UE, Atenas precisa, até a próxima segunda-feira (20), pelo menos 7 bilhões de euros, quando terá de resgatar títulos junto ao Banco Central Europeu (BCE). Ato contínuo, a Grécia precisará, dentro de aproximadamente um mês, mais 12 bilhões de euros, dinheiro que será usado para novo pagamento ao BCE.
Até que os líderes da UE decidam o futuro da Grécia, os bancos do país deverão continuar fechados, forma encontrada pelo governo de Atenas para evitar uma onda de saques de dinheiro e a consequência bancarrota das instituições financeiras locais.
Por trás do arrocho imposto pela União Europeia está não apenas questões financeiras, mas um intrincado jogo de interesses políticos. Ciente de que não ficará abandonado caso a UE decida pela saída da Grécia do bloco econômico, Tsipras mantém o blefe porque está sendo bancado por pelo menos dois estadistas: o russo Vladimir Putin e o chinês Xi Jinping.
Putin deseja dar um troco no Ocidente por conta das sanções impostas à Rússia em virtude do infindável conflito com a Ucrânia. Jinping tem interesses outros, como, por exemplo, avançar comercialmente sobre o Velho Mundo. E ambos, apoiando Alexis Tsipras, alcançariam seus objetivos muito antes do planejado.