Jérôme Valcke deixará a Fifa após novas eleições para presidente

AgenciaBrasil280612DSC_2580Baixas no futebol – O secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, deixará a entidade máxima do futebol quando seu chefe, Joseph Blatter, deixar a presidência em fevereiro de 2016. Operador da Copa de 2014 no Brasil, ele criou polêmica ao recomendar que os brasileiros levassem um “chute no traseiro”.

Valcke admite, agora, que a crise de corrupção está afugentando patrocinadores e que a entidade não consegue fechar novos contratos. “Seja quem for o novo presidente da Fifa, ele deve ter um novo secretário-geral”, revelou indicou.

Até 2006, o francês foi o diretor de Marketing da entidade. Porém, se envolveu em uma polêmica quando trocou a MasterCard pela Visa como patrocinadora da Copa do Mundo. A empresa derrotada acionou a Justiça nos EUA e a corte julgou que Valcke havia “mentido” na negociação. A Fifa acabaria sendo multada em US$ 90 milhões.

Naquela época, Blatter anunciou que os responsáveis seriam afastados e Valcke saiu de cena. Contudo, Blatter nunca deixou de pagar o salário de Valcke, que acabou voltando em 2007 como secretário-geral da Fifa, ou seja, o número 2 da entidade.

O secretário-geral tem uma forte amizade com Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, e chegou a ser contratado pelo brasileiro para ajudar a formular a candidatura do Brasil para receber o Mundial de 2014.

Durante anos, Valcke teve a tarefa de colocar pressão no Brasil e de atender aos pedidos de Teixeira para retirar o Morumbi da Copa do Mundo. Isso abriu caminho para a construção da Arena Corinthians. Em 2014, durante a Copa, Valcke ainda colocou no Mundial seu filho para trabalhar.

Em maio, cartas apontaram que ele sabia de um pagamento de US$ 10 milhões enviados pelos sul-africanos para Jack Warner, um vice-presidente da entidade. Para o FBI, o dinheiro é uma propina para que Warner votasse pela candidatura da África do Sul para sediar a Copa de 2010.

Valcke garante que não tem nada a temer. Mas contratou um advogado nos EUA, não viajou para o Canadá no Mundial Feminino e nem para o Mundial Sub-20 na Nova Zelândia.

Contudo garantiu nesta sexta-feira que a crise “não o afeta”. “Não acho que tenho qualquer coisa relacionada com isso”, declarou.

O francês deixa claro que a crise está tendo uma repercussão negativa para as contas da entidade. A empresa Emirates retirou seu patrocínio e, até agora, ninguém ocupou seu lugar.

A Fifa havia aberto 20 vagas para patrocinadores regionais. Mas, até agora, nenhum dos lugares foi ocupado.
Segundo ele, a Fifa vai se reunir nos próximos dias com patrocinadores para debater sua reforma. Coca-Cola e Visa já deixaram claro que querem uma comissão independente para liderar o processo de reforma e limpar a crise que afeta a entidade.

“A situação atual não ajuda a finalizar novos contratos. Essa é a realidade”, disse. “Não sei se conseguiremos algo até dia 26 de fevereiro”.

Vale ressaltar que, em 2014, a Fifa teve uma renda recorde com a Copa no Brasil. O evento gerou mais de US$ 5 bilhões e permitiu que a entidade acumulasse uma riqueza sem precedentes em mais de 110 anos de história.
Para os patrocinadores que por anos pagaram pelo evento, chegou o momento de Blatter deixar a Fifa. Foi justamente essa pressão que o levou a pedir sua renúncia.