Vigança? – Finalmente o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, rompeu o silêncio. Em meio às investigações do escândalo de corrupção que envolve o alto escalão da Fifa, o ex-cartola se defendeu. Para ele, J. Hawilla, executivo da Traffic e seu ex-aliado, mentiu à justiça dos Estados Unidos, por “vingança”.
“O dono da Traffic do Brasil mentiu deslavadamente. Disse, por exemplo, que eu fui aos EUA negociar um novo contrato para a Copa do Brasil em 2011. Basta consultar meu passaporte, para ver se existe essa viagem. Ele disse que eu recebi propina por essa transação. Mentira. Cadê o dinheiro? Foi depositado em que banco, em que agência? Ele age por pura vingança”, afirmou.
Teixeira, que está 30 kg mais magro, é acusado de ter recebido propina em acordos comerciais de competições e também no contrato entre a CBF e a Nike, todos com envolvimento da Traffic. Já Hawilla é réu confesso de crimes como extorsão, fraude e lavagem de dinheiro e aceitou pagar US$ 151 milhões (R$ 473 milhões) à justiça dos EUA.
Teixeira ressalta que a ruptura entre os dois, aliados de longa data, teria começado em 2011, depois de o Comitê Executivo da Conmebol questionar os valores pagos pela Traffic pelos direitos da Copa América.
“Com medo de perder aquela competição, a Traffic então ofereceu US$ 40 milhões. Isso despertou ainda mais a ira do comitê. O sentimento foi o seguinte: se a empresa propõe subir de 18 para 40 é porque está lucrando em exorbitância e estamos todos sendo enganados por muito tempo. Então todos ali decidiram não mais fechar contrato com a Traffic”, revelou.
A assessoria de Hawilla, por meio de nota, o defendeu: “J. Hawilla afirma que as declarações do Sr. Ricardo Teixeira não correspondem à verdade. Hawilla, porém, apoia as investigações em curso nos Estados Unidos e, por conta de tal processo, está impedido de se manifestar publicamente neste momento”.
Sobre as negociações envolvendo a Copa do Brasil, em que é acusado de receber propina da Klefer, empresa de Kleber Leite que recebeu o direito de explorar a competição de 2015 a 2022, Teixeira voltou a chamar Hawilla de “mentiroso”.
“O Carlos Eugenio (Lopes, diretor jurídico da CBF), resumindo aqui, disse que eu não tinha argumento referente à Copa do Brasil para romper com a Traffic. Que eu estava baseado no problema relacionado à Copa América. Pois bem, mantivemos em vigor o acordo até 2015, mas em 8 de dezembro de 2011 eu firmei contrato com a outra empresa nacional de referência no marketing esportivo, a Klefer”.
“Do parecer jurídico até a assinatura do contrato com a Klefer se passaram apenas sete dias, um prazo exíguo, e ele (Hawilla) ainda disse que eu negociei isso nos EUA. Como, se o visto americano no meu passaporte foi concedido apenas em 13 de dezembro de 2011? Além disso, eu deixei a CBF em março de 2012. Não tem cabimento dizer que houve um acerto para eu receber uma comissão especial de um negócio que só começaria em 2015. De onde ele tirou isso?”, finalizou.