Fora do tom – Integrante do grupo dos melhores criminalistas do País, o advogado Roberto Podval cometeu um equívoco ao afirmar que José Dirceu de Oliveira e Silva, seu cliente, é um “bode expiatório” da Operação Lava-Jato e que a prisão do petista foi “política”.
Investigado na Lava-Jato e preso na manhã de segunda-feira (3) na Operação Pixuleco, Dirceu é acusado pelas autoridades de ser um dos responsáveis pela implantação pelo sistema de corrupção na Petrobras, criado em 2005 para substituir o Mensalão do PT.
Podval tem bagagem suficiente para saber que seu cliente envolveu-se no Petrolão e que nem mesmo em sonho é possível classificar como política a prisão do ex-chefe da Casa Civil. José Dirceu, até o estouro do Mensalão do PT, foi o homem forte do governo Lula e participou da implantação do esquema de corrupção que sangrou os cofres da estatal petrolífera.
A prisão de Dirceu já era esperada pelo UCHO.INFO, que afirmou que isso ocorreria no retorno dos trabalhos do Judiciário, que aconteceu na segunda-feira. Não se pode afirmar que se trata de uma prisão política, como sugeriu Podval, até porque não há razão para tanto, uma vez que, mesmo em tese, o Brasil ainda é uma democracia.
Gozando do respeito dos jornalistas do site, Roberto Podval só não foi pior em termos de declarações do que o deputado federal Sibá Machado (AC), líder do PT na Câmara. Logo após a prisão de Dirceu, Sibá foi procurado pelos jornalistas e disse que se tratava de um “golpe”.
Que Sibá Machado é um turista acidental no universo político todos sabem, mas não se pode aceitar esse discurso rasteiro e de encomenda, pois não há razão para golpe. A ilação de Sibá se desfez horas mais tarde, quando a presidente Dilma Rousseff participou de um churrasco na noite de segunda-feira sem se preocupar com a prisão de Dirceu. Ou seja, a cúpula do governo, apesar de preocupada, decidiu não demonstrar interesse pela prisão do mensaleiro José Dirceu.
A relação entre Dilma e José Dirceu jamais foi boa, mas a postura do governo, assim como a do PT, em relação aos desdobramentos da Operação Pixuleco, deixa claro que muita confusão surgirá pela frente, já que o deputado cassado e mensaleiro condenado dificilmente pagará a fatura sozinho. No tocante à defesa de Dirceu, a decisão do Supremo Tribunal Federal de autorizar a transferência do petista para Curitiba foi uma mostra do grau de dificuldade que enfrentarão para defender o indefensável.
Resumindo, Roberto Podval e Sibá Machado perderam a chance de abraçar o silêncio, que no caso seria obsequioso. Enfim…
