Crise econômica: pela primeira vez em doze anos dólar ultrapassa a barreira dos R$ 3,50

dolar_50Rédea solta – Nesta quarta-feira (5), o dólar passou dos R$ 3,50 pela primeira vez em doze anos. A subida da moeda norte-americana foi impulsionada por preocupações com o quadro político e econômico do Brasil e após novos dados sobre os Estados Unidos voltarem a dar força às apostas em alta das taxas de juro do país em setembro.

No final da manhã, o dólar avançava 0,73%, a R$ 3,4895 na venda. A moeda norte-americana atingiu R$ 3,5009 na máxima da sessão, maior patamar desde 11 de março de 2003, quando foi a R$ 3,5230. Trata-se a quinta sessão consecutiva de alta, após acumular avanço 4,05% nos últimos quatro pregões.

“Para cada motivo que alguém encontra para vender (dólares), tem dez para comprar”, afirmou o superintendente de derivativos de uma gestora de recursos nacional.

Os investidores continuavam preocupados com a possibilidade de novos golpes à credibilidade do País devido às turbulências políticas.

Na terça-feira (4), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou que a Casa deve votar na próxima quinta as contas de três ex-presidentes (Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio da Silva), abrindo caminho para eventual deliberação das contas da presidente Dilma Rousseff, ainda em análise no Tribunal de Contas da União (TCU). Um eventual parecer desfavorável do TCU pode dar força àqueles que defendem a abertura de um processo de impeachment.

No exterior, a perspectiva de alta das taxas de juro dos EUA, em setembro, contribuía para elevar o dólar em escala global. “Não há dúvida de que o Fed não vai demorar para aumentar juros”.

“Agora, é a hora de o mercado fazer ajustes finos, aumentando ou diminuindo pouco a pouco a chance de (alta de juros em) setembro”, disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

As apostas na alta das taxas de juro no próximo mês ganharam força após o índice do setor de serviços do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) atingir em julho a máxima em dez anos.

O dado ofuscou a criação de postos de trabalho no setor privada abaixo do esperado no mesmo mês, divulgada mais cedo.

Na véspera, o presidente do Fed de Atlanta, Dennis Lockhart, afirmou que estava pronto para apoiar uma alta de juros no mês que vem. Nesta sessão, no entanto, o diretor do Fed Jerome Powell disse que o banco central ainda não decidiu se dará início ao aperto monetário em setembro.

Mais tarde, o Banco Central brasileiro dará continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em setembro, com oferta de até seis mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares. (Danielle Cabral Távora)

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