Acima da lei – Ativismo de populares e as câmeras de celulares complicaram a vida da promotora Leila Schmiti, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Paraná, que, totalmente embriagada, no final da tarde do último sábado (8) provocou um acidente com três carros e tentou fugir, mas acabou impedida por populares.
O vexame não se limitou à promotora. O procurador Cláudio Esteves, ex-coordenador do Gaeco em Londrina – que costuma mostrar-se à opinião pública como uma espécie de Eliot Ness das araucárias – apareceu no local do acidente e tentou aplicar o famoso “carteiraço” na polícia para liberar a colega. Não conseguiu e exigiu acompanhá-la na viatura até a delegacia.
“Sou procurador-geral”, disse Esteves para o policial que deteve a promotora. O policial, no entanto, se manteve irredutível. “Eu não posso dar carona”, finalizou. Esteves acompanhou a liberação da promotora após o registro do boletim de ocorrência na Polícia Civil.
A promotora Leila Schmiti, que está encarregada de casos importantes, como a investigação sobre propina na Receita Estadual, apresentava, segundo o Boletim de Ocorrência, sinais de embriaguez, como fala desconexa e odor etílico, recusou-se a fazer o exame do bafômetro e acabou liberada sem o pagamento de fiança.
Não conseguiu evitar, no entanto, que o episódio fosse amplamente noticiado na mídia demonstrando que a postura divinal que os promotores do Gaeco costumam assumir não os impede de cometer delitos comuns, nem de tentar escapar de suas responsabilidades usando a força do Ministério Público e o prestígio do cargo num autêntico caso de embriagues do poder.
