Fora de órbita – Quando o UCHO.INFO afirma que a presidente Dilma Rousseff sofre de autismo político, não se trata de crítica descabida, mas da análise condensada do comportamento de uma governante que vive alheia à realidade. Responsável pela grave crise que chacoalha o País, a presidente da República insiste em não assumir a responsabilidade pelos estragos na economia nacional, ao mesmo tempo em que tenta dividir o ônus com quem passar pela frente.
Nesta terça-feira (25), em entrevista a emissoras de rádio do interior paulista, onde participou de entrega de unidades do programa “Minha Casa, Minha Vida”, Dilma afirmou que não tem como garantir que no próximo ano a situação do País será “maravilhosa”. Contudo, a petista garante que 2016 não será um ano de “dificuldades imensas, como muitos pintam”.
“Espero uma situação melhor, não tem como garantir que em 2016 vai ser maravilhosa. Não vai ser, muito provavelmente não será, mas também não vai ser a dificuldade imensa que muitos pintam. Continuaremos tendo dificuldade, até porque não sabemos a repercussão de tudo o que está acontecendo na economia internacional”, afirmou a chefe do Executivo federal.
A presidente aproveitou a oportunidade para confirmar o ufanismo palaciano ao comentar o quadro econômico internacional, crente que o pior para o Brasil tenha ficado para trás.
“Ontem tivemos a chamada segunda-feira negra, com a derrubada de bolsas que começa na China, atinge a Ásia e afeta o mundo todo. O Brasil esta passando por dificuldades, e o mundo também. Eu espero que o ponto máximo das dificuldades tenha ficado pra trás. Porque o governo nesta questão foi prudente”, declarou Dilma. “Não tem como estarmos pior no futuro do que hoje porque tomamos um conjunto de medidas”, completou.
Enquanto Dilma balbuciava frases desconexas sobre a economia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgava dados desanimadores sobre o desemprego no Brasil. De acordo com o órgão, no segundo trimestre do ano o desemprego chegou à marca de 8,3%, contra 7,9% do período imediatamente anterior.
Refém da base aliada e cada vez mais acovardada diante do agravamento da crise, Dilma tem o direito constitucional de expressar livremente seu pensamento, mas não pode querer que a população acredite de forma pia em nova enxurrada de mentiras. A economia verde-loura está em processo de desmonte, mas a presidente prefere afirmar que o período de dificuldades extremas é um mero momento de “travessia”.
Quem conhece minimamente a realidade brasileira sabe que a economia do País não sairá do atoleiro tão cedo, contrariando as profecias palacianas, que até então apontavam 2016 como o ano da redenção. O que os brasileiros conscientes e responsáveis podem esperar é o agravamento sistemático da crise, pois os especialistas do mercado financeiro já trabalham com projeção de novo encolhimento do PIB no próximo ano. Conformada a expectativa, o Brasil chegará ao final de 2016 com um biênio de recessão.
Diante desse quadro, Dilma não deveria fazer declarações sobre o futuro da economia, pois esse assunto não é o seu forte. Em relação aos problemas pontuais enfrentados pela China, a presidente pode até querer transferir a culpa pela tragédia brasileira para o país da Grande Muralha, mas melhor seria se Dilma assumisse os próprios erros no âmbito da economia. Lembrando que Lula disse, certa feita, que a economia da China era de mercado.