Chumbo grosso – Na tarde desta terça-feira (25), durante a acareação entre Alberto Youssef, um dos principais delatores da Operação Lava-Jato, e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, na CPI que investiga escândalos de corrupção na estatal, o doleiro confirmou informação divulgada inúmeras vezes pelo UCHO.INFO: que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio da Silva tinham conhecimento do esquema de desvios de recursos públicos da Petrobras, criado pelo então deputado federal José Janene e investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
Youssef e Costa foram indagados pelo deputado André Moura (PSC-SE) sobre se acreditavam que Dilma tinha conhecimento do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava-Jato durante o período em que ela foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras, entre 2003 e 2010. “No meu entendimento, quando o Paulo Roberto, nas discussões e nas brigas do partido, ele pedia um sinal do Palácio do Planalto… No meu entendimento, [Dilma] tinha conhecimento”, ressaltou o doleiro.
Já Paulo Roberto Costa disse que não poderia confirmar se a petista tinha conhecimento ou não do esquema operado junto à Petrobras. “Como eu já mencionei nos meus depoimentos, nunca conversei com ela sobre esse tema. Agora, não posso afirmar uma coisa que eu não tenho esse conhecimento”, revelou.
Moura, então, deu continuidade à pergunta feita a Youssef questionando se ele acreditava que Costa tinha o aval de Lula e de Dilma para operar o esquema de corrupção na Petrobras.
“O Paulo Roberto tinha sinalização do Palácio do Planalto, tinha sinalização de quem comandava e presidia o conselho de administração, no caso o ex-presidente Lula, a presidente Dilma, seja enquanto presidente, seja enquanto ministra, seja como presidente do conselho de administração, mas que obviamente, qualquer passo dado do seu Paulo Roberto para roubar os cofres públicos a Petrobras tinha a sinalização de quem comandava o país ou a Petrobras, o ex-presidente Lula, a presidente Dilma. É isso?”, indagou Moura. “É isso”, respondeu o delator.
Dilma sempre negou que soubesse do esquema, tendo, inclusive, em entrevista concedida a três jornais na segunda-feira (24), afirmado ter sido “surpreendida” ao saber que pessoas ligadas ao seu partido estavam envolvidas em irregularidades na Petrobras.
“Lamento profundamente. Sou a favor de uma coisa que Marcio Thomaz Bastos [advogado e ex-ministro morto em 2014] dizia. Não espere que sejam as pessoas a fonte da virtude. Tem que ser as instituições. Elas é que precisam ter mecanismos de controle. Quem pode colocar luz sobre um processo de corrupção é a maturidade institucional do país”, declarou.
O Instituto Lula chegou a divulgar em maio deste ano uma nota na qual o ex-presidente afirma, sem se referir diretamente a Alberto Youssef, que é “inacreditável que um bandido com oito condenações, que já enganou a Justiça num acordo anterior de delação premiada, tenha palco para atacar e caluniar, sem nenhuma prova, algumas das principais lideranças políticas do país”.
Alberto Youssef já firmou acordos de delação premiada com a Justiça Federal durante as investigações do escândalo do Banestado. (Danielle Cabral Távora)