Denunciada no Petrolão e na mira da Pixuleco II, Gleisi Hoffmann propõe reduzir salários dos políticos

gleisi_hoffmann_102Óleo de peroba – Em manobra considerada um misto de delírio político desenfreado e demagogia barata, além da já conhecida face lenhosa, a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) propôs na quinta-feira (17) que os parlamentares tenham seus salários reduzidos.

Denunciada por embolsar R$ 1 milhão do Petrolão; acusada de receber R$ 1,5 milhão da construtora UTC e de envolvimento nos crimes investigados no âmbito da Operação Pixuleco II, que renderam R$ 50 milhões em propinas no rastro de um esquema de empréstimos consignados, autorizado pelo Ministério do Planejamento, quando o marido, Paulo Bernardo da Silva, era ministro, Gleisi não sabe mais o que fazer para escapar do turbilhão que se formou à sua volta a partir da Operação Lava-Jato.

Por conta desse desespero explícito, a senadora petista se agarra cada vez mais a artimanhas esdrúxulas, as quais revelam o nível da parlamentar que os eleitores paranaenses enviaram ao Senado Federal.

A proposta, apresentada durante pronunciamento na tribuna do Senado, teria poucos efeitos financeiros, mas seria, segundo a própria Gleisi, um gesto político de solidariedade aos servidores públicos federais que tiveram o reajuste suspenso pelo governo.

Como faz habitualmente, quando se dispõe a subir ao parlatório do Senado para defender o governo, a petista evita qualquer menção às acusações de enriquecimento ilícito e envolvimento em fraudes que lesaram o erário, como o Petrolão e o esquema de empréstimos consignados descobertos pela Pixuleco II.

A senadora, que se dispõe a defender o governo Dilma nas questões mais indefensáveis, tem um longo passivo de questões mal explicadas, escândalos pendentes e grande possibilidade de acabar com o mandato cassado por envolvimento em denúncias de recebimento de propinas.

Nesse contexto, a “proposta” de reduzir os salários dos parlamentares é vista como demonstração de cinismo, já que todos sabem que o problema dos políticos não é o salário (alto) que recebem, mas o que fazem para prejudicar o País e embolsar grandes quantias com o poder que lhes é delegado nas urnas.

Fora isso, não se pode fechar os olhos para uma realidade que todos conhecem, mas fingem ignorar por conveniência ou preguiça diante das questões políticas nacionais. Uma eleição ao Senado Federal pelo Paraná não sai por menos de R$ 30 milhões, o que mostra ser o salário um cisco em meio ao lamaçal em que se transformou a política brasileira.

O caso da petista Gleisi Hoffmann é no mínimo exemplar. Disputou e ganhou uma vaga ao Senado, em 2010, recebendo quantias enormes de empreiteiras em um momento em que o marido, o então ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (PT), ocupava pasta com poder de decisão sobre a execução, ou não, de grandes obras públicas.

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