Moro condena primo de Gleisi a 12 anos de prisão; coordenador de campanha da senadora, a 14 anos

andre_vargas_10Tempo para pensar – O juiz federal Sérgio Fernando Moro condenou o ex-deputado federal André Vargas (ex-PT), ex-coordenador de campanha de Gleisi Hoffmann (PT-PR), e o primo distante da senadora, Ricardo Hoffmann, por lavagem de dinheiro e corrupção. Vargas, que também já coordenou campanhas do ex-ministro Paulo Bernardo da Silva, marido da senadora, é a primeira condenação de um político por envolvimento na Operação Lava-Jato.

O ex-deputado André Vargas, preso desde abril, em Curitiba, foi condenado a 14 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, além de multa. Também foram condenados pelos mesmos crimes Leon Vargas, irmão de André Vargas, e o publicitário Ricardo Hoffmann, que exerceu grande influência no governo de Roberto Requião (PMDB) no Paraná. Os dois também foram condenados ao pagamento de multa.

O juiz Moro afirmou, em sua sentença, destacou que André Vargas usou sua influência como deputado para que a agência de publicidade dirigida por Ricardo Hoffmann firmasse contratos com a Caixa Econômica Federal e com o Ministério da Saúde. Em troca, o ex-deputado recebeu mais de R$ 1 milhão em propina.

Vargas foi um dos primeiros envolvidos no atual escândalo de corrupção que destroça o PT, quando o jornal “Folha de S. Paulo” revelou que o outrora petista havia ido com a família para férias no Nordeste em jatinho alugado pelo doleiro Alberto Youssef, o mesmo que delatou Gleisi por ter recebido R$ 1 milhão do Petrolão.

Vargas e Youssef haviam montado, através de laranjas, uma empresa fria – o laboratório farmacêutico Labogen – com objetivo de lesar o Ministério da Saúde com a fabricação de um genérico do Viagra. O esquema desmoronou e Youssef delatou os sócios. Vargas ainda não foi julgado por essa fraude.

Sérgio Moro afirmou que André Vargas também recebeu propina quando foi vice-presidente da Câmara dos Deputados, entre 2013 e 2014, período em que praticou a maior parte dos crimes.

Vargas se tornou conhecido nacionalmente na abertura dos trabalhos na Câmara, em 2014. Na presença do então presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, ele repetiu o gesto feito por condenados no julgamento do Mensalão do PT. Por mais de uma vez, ergueu o punho cerrado. A ideia era afrontar o juiz e demonstrar solidariedade aos mensaleiros presos.

Na sentença, o juiz Sérgio Moro lembrou que, nessa época, o ex-deputado já recebia propina, mostrando uma personalidade desrespeitosa às instituições da Justiça.

Logo depois, o nome de Vargas apareceu nas investigações da Lava Jato, ligado ao doleiro Alberto Youssef. Pressionando, Vargas deixou o PT e, já sem partido, foi cassado.

O irmão de André Vargas, Leon, poderá recorrer da sentença em liberdade. O ex-deputado e o publicitário Ricardo Hoffmann permanecem presos. Hoffmann tentou negociar acordo de delação premiada, que não foi homologado. O temor que toma conta do PT, e em especial do casal Gleisi e Paulo Bernardo, é o de que André Vargas venha fazer delação nos outros processos a que responde no âmbito da Lava-Jato.

Desde a prisão de Ricardo Hoffmann, Gleisi tem tentado renegar o parentesco com o publicitário. Alega que o sobrenome idêntico seria mera coincidência.

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