Cotado para assumir a pasta da Saúde, peemedebista Manoel Júnior recebeu doações de laboratórios

manoel_junior_02Deixando rastro – Deputado federal pelo PMDB da Paraíba, Manoel Júnior, principal nome do partido na lista de indicados pela bancada da Câmara para assumir o Ministério da Saúde, recebeu doação indireta de dois laboratórios e de um plano de saúde em sua campanha em 2014. Tais doações somam um terço dos recebimentos declarados pelo parlamentar à Justiça Eleitoral.

De acordo com relatório de divulgação das contas de campanha do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), essas doações de empresas do setor de saúde foram feitas ao diretório nacional do PMDB ou à campanha majoritária do partido na Paraíba, mas logo após foram repassadas ao comitê de Manoel Júnior. As empresas deram R$ 355,7 mil à campanha do deputado paraibano, o equivalente a 33% da receita declarada ao TSE, pouco mais de R$ 1 milhão.

Da Bradesco Saúde, por exemplo, o paraibano recebeu R$ 106 mil. Um repasse de R$ 100 mil foi feito originalmente ao diretório nacional, e outro de R$ 5,7 mil, à campanha de Vital do Rêgo Filho, então candidato a governador. O Biolab Sanus Laboratórios e o Eurofarma Laboratórios doaram, respectivamente, R$ 100 mil e R$ 150 mil, através do diretório nacional do PMDB.

Manoel Júnior declarou que não teve contato com os doadores que fizeram repasses a seu partido. “Não sabia de onde vinha. Recebi do meu partido. Meu partido estava me designando aquilo e eu aceitei de bom grado”, afirmou Manoel Júnior. “Biolab? Não sei nem onde fica. Nem lembro que tinha plano de saúde (como doador). Minha preocupação era apenas na prestação de contas”, ressaltou.

Já na prestação de contas do piauiense Marcelo Castro, outro nome apresentado pelo líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), à presidente Dilma Rousseff na última semana, há um doador ligado à área de saúde, uma clínica radiológica, que repassou R$ 25 mil.

O peemedebista Manoel Júnior é aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ). O paraibano é o nome mais cotado para assumir o Ministério da Saúde, ou pelo menos era. A divulgação de um vídeo em que o deputado sugere a renúncia de Dilma Rousseff, além das críticas feitas ao programa “Mais Médicos”, em 2013, colocou em xeque esse suposto favoritismo.

Porém, um ministro próximo à presidente revelou que, apesar do vídeo, Manoel Júnior continua como o nome mais provável para substituir Artur Chioro e que as divergências serão superadas. No PMDB, o discurso é o mesmo.

Por outro lado, o parlamentar afirma que suas declarações foram descontextualizadas. Ele disse ser favorável ao “Mais Médicos” e que apenas fez ressalvas à “importação” de estrangeiros. “O Mais Médicos é um programa exitoso. O governo conseguiu levar médicos aonde não tinha”. Mais um “disse, não disse”, que se tornou marca registrada do governo Dilma Rousseff.

A Saúde é a pasta mais cobiçada pelos aliados do governo, pelo simples fato de ter o maior orçamento da Esplanada dos Ministérios, apesar da previsão do atual titular de que a verba será insuficiente.

Fora isso, a capilaridade a pasta, que tem ao menos um representante em cada cidade brasileira, vai ao encontro da tese do municipalismo, que tornou-se a mola propulsora da política do PMDB desde os tempos de Orestes Quércia, que implantou o modelo na legenda. Afinal, política vem de “polis”, que em grego significa cidade. O mais estranho nessa operação de loteamento ministerial é usar pasta tão importante para escambo político.

Em relação às doações de campanha. Manoel Júnior não pode ser condenado por antecipação, mas ao mesmo tempo deve prevalecer a teoria medieval que enfoca a mulher de César, de que deveria não apenas ser honesta, mas parecer como tal. A questão não é duvidar da postura do deputado paraibano, mas do governo do PT como um todo. Enfim… (Danielle Cabral Távora e Ucho Haddad)

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