ONU: Obama defende governo provisório na Síria sem o “tirano” Bashar Al-Assad

(K. Lamarque - Reuters)
(K. Lamarque – Reuters)
Mandando recado – Nesta segunda-feira (28), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu a saída de Bashar al-Assad em seu discurso na 70ª Assembleia-Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU). Obama chamou o sírio de tirano e afirmou que é preciso sua saída para que a Síria possa sair da situação de guerra que motiva o êxodo de refugiados por todo o planeta.

“Precisamos reconhecer que não pode haver, após tanto derramamento de sangue, tanta carnificina, um retorno ao status quo do pré-guerra, porque foi assim que o conflito começou – com protestos pacíficos reprimidos com assassinatos. Assad e seus aliados não podem pacificar o país com armas nucleares e bombardeios indiscriminados que matam milhares de pessoas. É preciso um governo de transição longe de Assad até que se chegue a um novo líder, para que a população síria possa reconstruir o país”, declarou o presidente norte-americano.

Obama afirmou estar disposto a trabalhar com Irã e Rússia para resolver o conflito, dois países que defendem uma reforma do regime de Assad após o fim da guerra, e não a saída do presidente sírio do poder. É importante frisar que o líder russo Vladimir Putin e o iraniano Hassan Rouhani chegaram ao auditório somente depois do discurso de Obama.

O inquilino da Casa Branca chamou Assad de tirano, quando se referia à lógica de que o terrorismo só é eliminado com a violação da democracia e dos direitos civis. “Seguindo essa lógica, devemos apoiar tiranos como Bashar al-Assad, que jogou bombas em sua população”.

Obama ainda declarou que o conflito na Síria afeta o mundo inteiro, tanto pela ascensão de grupos extremistas como o Estado Islâmico quanto pela saída maciça de refugiados. “Sabemos que o Estado Islâmico emergiu do caos e depende da guerra para sobreviver. É preciso combater essa ideologia venenosa, de promover violência”, declarou Obama, que depois ressaltou a necessidade de combater também o pensamento de não muçulmanos que associam o islamismo ao terrorismo.

O presidente americano também afirmou que ajudar os refugiados não é uma questão de caridade, e sim de segurança.

Sobre Cuba, Barack Obama se mostrou convencido de que a mudança chegará ao país caribenho e o Congresso americano acabará levantando “inevitavelmente” o embargo econômico e financeiro que pesa sobre a ilha. Está previsto um encontro entre Obama e presidente cubano, Raúl Castro, em paralelo à Assembleia da ONU.

O mandatário ianque pediu na Assembleia-Geral para que todas as nações do mundo deixem para trás a “velha forma de atuar, mediante conflito e coerção”, diante dos desafios atuais.

“No Iraque, aprendemos a lição de que mesmo com milhares de bravos soldados, não podemos impor o que acreditamos. A não ser que trabalhemos com as outras nações, não teremos sucesso”, ressaltou.

O líder norte-americano também citou o conflito entre Rússia e Ucrânia e justificou as sanções endereçadas aos russos, dizendo que elas não significam um retorno à Guerra Fria, mas sim uma tentativa de que o país utilize a diplomacia em detrimento da força militar. “Imaginem se a Rússia tivesse se interessado em seguir a linha diplomática… Teria sido melhor para a Ucrânia, para nós e para a Rússia”, disse Obama.

Obama dedicou seu discurso a defender o sistema vigente de normas internacionais. “A diplomacia é dura e seus resultados às vezes não são satisfatórios, desagradando algumas pessoas”, declarou Obama, que ressaltou que as nações têm a “obrigação” de perseguir essa via.

“Não importa o quão poderosas sejam nossas Forças Armadas e quão forte seja nossa economia. Os Estados Unidos não podem resolver por si só os problemas do mundo”, finalizou. (Danielle Cabral Távora)

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