Lava-Jato: Gleisi delira e diz ser a nova Joana D’Arc, perseguida pelo “Martelo das Feiticeiras”

gleisi_hoffmann_80Parafuso solto – Não existem limites para a desfaçatez da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR). Atolada no Petrolão, escândalo de corrupção em que foi denunciada por dois delatores por ter embolsado R$ 1 milhão em propinas da Petrobras, alvo da Operação Pixuleco II, que descobriu que um advogado de Curitiba, que levou R$ 7,2 milhões de um esquema criminoso montado a partir do aval do Ministério do Planejamento, pagava as contas da senadora em vez de receber honorários da cliente, e também flagrada pela Operação Nessun Dorma, que apontou a petista como grande receptora de doações da empreiteira Engevix, Gleisi agora tenta se fazer de vítima e inocente.

Todas essas evidências de envolvimento em esquemas investigados pela Lava-Jato não inibiram Gleisi, que teve coragem de escrever um artigo em que se compara às vítimas de processo de bruxaria – uma espécie de Joana D’Arc das araucárias – processadas e condenadas de acordo com o manual “Martelo das Feiticeiras” (“Malleus Maleficarum”), livro que a petistas supõe ter sido escrito em 1848, mas foi produzido em 1487 pelos dominicanos Henrich Kraemer e James Sprenger.

É um erro de apenas 361 anos, uma insignificância quando comparado ao tamanho da falácia e do cinismo da senadora de que estaria sendo submetida a julgamento de exceção, à semelhança daqueles conduzidos pela inquisição medieval. Mulheres que não choravam durante o julgamento da Inquisição, por exemplo, podiam ser automaticamente consideradas culpadas de bruxaria e levadas a fogueira.

A fogueira em que Gleisi está envolvida é de natureza muito distinta. A senadora vive em pleno estado de Direito, tem todas as garantias legais, inclusive usufrui do questionável dispositivo chamado “foro especial por prerrogativa de função”, que levou seu envolvimento na Pixuleco II sair da alçada do juiz Sérgio Moro, de Curitiba, para ser investigado por um juizado de São Paulo, o que aumenta suas chances de sair incólume dessa estranha bruxaria cometida com empréstimos consignados e feitiços praticados, em 2010, no âmbito do Ministério do Planejamento, à época comandado por Paulo Bernardo da Silva, ainda marido de Gleisi.

De igual modo, nada tem a ver com julgamento do Martelo das Feiticeiras as acusações diretas e formais dos delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, que garantiram que Gleisi embolsou R$ 1 milhão em recursos do Petrolão, o maior esquema de corrupção da história moderna, que funcionou durante uma década com a anuência de Lula e Dilma Rousseff. A mesma ausência de qualquer viés sobrenatural acompanha a acusação de que a senadora levou dinheiro suspeito da Engevix.

Todas essas evidências esmagadoras de culpa, que vieram à tona durante processo perfeitamente legal, não impediram Gleisi de se apresentar como vítima de uma moderna caça às bruxas. Em seu artigo ela diz coisas como:

“A maior crítica é de que a fornalha estava sendo acesa para fazer a pizza, para impedir o juiz Sérgio Moro de atuar, apurar e punir envolvidos em possíveis casos de corrupção. Como meu nome foi envolvido nessa situação, também vi fogo, não a fornalha, mas a fogueira da praça pública. Lembrei imediatamente do livro O Martelo das Feiticeiras, que me foi sugerido por uma grande amiga, a escritora Rose Marie Muraro”.

E prossegue: “Escrito em 1848, o livro é um manual de como torturar e obter a confissão de mulheres como bruxas, posteriormente queimadas nas fogueiras aos milhares. A publicidade dos processos era a garantia de seu sucesso. Me senti numa daquelas fogueiras que, propositadamente, não eram grandes, para que o espetáculo pudesse ser visto por mais tempo, impor mais temor e ficar gravado na mente das pessoas”.

Suspeita de ter se beneficiado de gordos esquemas criminosos investigados por três fases da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, Gleisi Helena tenta fazer um voto de pobreza:

“Toda minha trajetória política sempre foi pautada no trabalho e no servir. Nunca misturei posição pessoal com militância. Tudo que tenho na vida foi conquistado com meu trabalho, sempre foi e será compatível com minha renda”, destaca a senadora que vem se afundando cada vez mais na Operação Lava-Jato.

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