Crise econômica: dólar vira no início do pregão, opera em alta e volta a bater na casa de R$ 4,14

dolar_25Rédea solta – Integrantes da equipe econômica erraram ao acreditar que uma fala ameaçadora do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, na última semana, pudesse conter a alta do dólar. Após a moeda norte-americana ter alcançado, dias atrás, a incrível marca de R$ 4,24, Tombini disse, durante entrevista, que o BC poderia despejar no mercado de câmbio um bom volume de dinheiro proveniente das reservas internacionais do País. O efeito da sua foi imediato, mas durou muito menos do que o governo de Dilma Rousseff gostaria.

Nesta terça-feira (29), após abrir o pregão em baixa, a divisa ianque passou a operar em alta, chegando à marca de R$ 4,14. Às 12h08, o dólar comercial era vendido a R$ 4,1208.

Ainda nesta terça-feira, o Banco Central deve realizar um leilão de 20 mil novos contratos de swap cambial (venda de dólares no mercado futuro), além da venda de US$ 2 bilhões com o compromisso de recompra. Fora isso, o BC deve fazer um novo e último leilão para rolar contratos de swap que vencem em outubro próximo (9,45 mil contratos).

A volatilidade que tomou conta do mercado de câmbio é decorrente das incertezas que marcam o cenário internacional, mas também e principalmente por causa dos assuntos internos. Um dos temas que têm tirado o sono dos profissionais do mercado financeiro é a fragilidade política do governo, que compromete sobremaneira a chance de aprovação do pacote de ajuste fiscal, necessário para que o País volte a sonhar com o crescimento econômico. Por enquanto, o que domina a cena é a crise.

Outro tema que vem tirando o sono dos investidores, nacionais e estrangeiros, é a possibilidade de novos rebaixamentos do grau de investimento do Brasil, decisão que já foi tomada pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s. Outras agências, como Fitch Ratings e a Moody’s, podem seguir esse caminho, mesmo que as notas não sofram cortes tão drásticos. A expectativa do momento é que a Fitch deve rebaixar a nota brasileira, mas de forma menos intensa. Seria um aviso ao governo de que em breve a situação poderá piorar.

O mercado financeiro, mais precisamente o de câmbio, vem testando o Banco Central, que tem outros assuntos preocupantes para cuidar, como, por exemplo, o controle da inflação oficial, que corre o risco de encerrar o ano na casa dos dois dígitos. Situação grave para uma economia em recessão.

Em outro vértice da crise está o compromisso assumido por Alexandre Tombini de, em 2016, levar ao centro da meta (4,5%) a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Com o dólar operando acima dos R$ 4, o compromisso de Tombini cairá na vala da promessa, que como tal ficará para as calendas tupiniquins, já que as gregas também estão em crise.

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