Força extra – De acordo com dois estudos publicados na quarta-feira (30) pela revista britânica Nature, um grupo de pesquisadores identificou duas proteínas que ajudam a entender a efetividade dos tratamentos contra o vírus da Aids.
Em ambos os trabalhos, desenvolvidos separadamente, os especialistas explicam o funcionamento do mecanismo pelo qual a proteína virótica Nef desencadeia a formação no organismo de anticorpos do HIV-1, a cepa mais comum e patogênica do vírus da imunodeficiência humana (Aids). “Já se sabia que a Nef serve para melhorar a ineficácia das partículas virais do HIV, mas os mecanismos subjacentes não estavam claros”, declara o comunicado divulgado pela revista.
Durante os últimos anos, a pesquisa com as proteínas Nef, Tat e Rev permitiu desenvolver tratamentos capazes de atrasar o avanço do vírus, porém ainda existe desconhecimento sobre os mecanismos de ação de outras proteínas essenciais para conseguir erradicar a doença.
Estes dois novos estudos, seguindo enfoques diferentes, acharam duas proteínas de membrana, a SERINC3 e SERINC5, que atuam como “fatores de restrição” do HIV-1, ou seja, como proteínas capazes de resistir à reprodução do vírus.
Quando está presente a proteína Nef, se inibem tanto a SERINC3 como SERINC5 mas, em sua ausência, essas proteínas se incorporam às partículas virais e bloqueiam a infecção do HIV-1.
Dirigido pelo cientista Massimo Pizzato, da Universidade de Trento, na Itália, um dos estudos analisou a expressão genética em 31 linhas de células humanas para identificar a SERINC5 e SERINC3 como inibidores do HIV-1.
O outro trabalho, liderado por Heinrich Göttlinger, da Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, comparou a composição proteica de partículas do “HIV normal” com a de um “vírus com deficiência Nef” e chegou a detectar a existência dos mesmos fatores de restrição.
“As proteínas demonstram que têm o mesmo efeito antiviral em outros retrovírus, como no Vírus da Leucemia Murina, o que sugere que desempenham um papel importante na imunidade antiviral inata”, afirma o documento.
Em particular, ambos os autores sugerem que o “fator celular antiviral SERINC5” poderia ser usado como um “gene terapêutico contra o HIV-1”. (Danielle Cabral Távora)