Soltando a voz – O líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR), vai protocolar nesta quinta-feira na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle requerimento para que o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, o seu filho Luís Cláudio Lula da Silva, o ex-ministro Gilberto Carvalho, lobistas e representante das montadoras CAOA e Mitsubishi expliquem a nebulosa transação que, segundo denúncia divulgada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, resultou na compra, por R$ 36 milhões, da Medida Provisória 471/2009, que prorrogou de 2011 até 2015 a política de descontos no IPI de carros produzidos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
O partido também enviará requerimento à Casa Civil da Presidência da República cobrando esclarecimentos sobre o caso, que ocorreu na época em que a presidente Dilma Rousseff comandava a pasta.
“Trata-se de um escândalo de tamanha proporção que, se confirmado, pode levar muita gente para a cadeia. O filho de Lula já confirmou ter recebido dinheiro do escritório contratado para fazer lobby para as montadoras, mas não explicou que serviço prestou. Existe ainda informações de que pessoas do PT também receberam. Esperamos que todos os citados tenham a dignidade de vir a Câmara prestar esclarecimentos para a sociedade. O caso coloca sob suspeição a edição de muitas medidas provisórias editadas nos governo de Lula e Dilma que beneficiaram setores específicos da economia”, disse o líder do PPS.
Para Rubens Bueno, fica cada vez mais claro que o governo do PT transformou o Planalto e a Esplanada dos Ministérios num grande balcão de negócios. “Quem paga mais leva. E que se dane o interesse da Nação. O que interessa para o PT é o caixa do partido e o bolso daqueles que comandam os esquemas de corrupção”, criticou o deputado, que espera que a Polícia Federal e o Ministério Público leve a fundo a investigação sobre o caso, que veio a tona após a apuração de documentos apreendidos durante a operação Zelotes, que investiga um esquema de fraude no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
O caso envolve os escritórios SGR Consultoria Empresarial, do advogado José Ricardo da Silva, e Marcondes & Mautoni Empreendimentos, do empresário Mauro Marcondes Machado. Eles teriam sido contratos pelas montadoras para obter a extensão das benesses fiscais de R$ 1,3 bilhão ao ano por ao menos cinco anos. Os incentivos expirariam em 31 de dezembro de 2010, caso não fossem prorrogados.
O Estadão, que teve a acesso e documentos e trocas de mensagens sobre o caso, relata também que a MP passou pelo crivo da presidente Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil. Anotações de um dos envolvidos no esquema descrevem ainda uma reunião com o então ministro Gilberto Carvalho para tratar da norma, quatro dias antes de o texto ser editado e assinado pelo ex-presidente Lula.
O negócio também envolve uma empresa de Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula. A Marcondes & Mautoni Empreendimentos pagou R$ 2,4 milhões à LFT Marketing Esportivo, aberta em março de 2011 por Lulinha.