Reforma ministerial: oposição critica a colcha de retalhos de Dilma, que tenta escapar do impeachment

ronaldo_caiado_21Artilharia pesada – Anunciada na manhã desta sexta-feira (2) pela desesperada presidente Dilma Rousseff, a reforma ministerial não convenceu e foi alvo de críticas de políticos da oposição, que rebateram a verborragia da petista, cada vez mais preocupada com a possibilidade de ser despejada do cargo.

Líder do Democratas no Senado Federal, Ronaldo Caiado não poupou a chefe do Executivo federal e acusou-a de promover uma reforma para retardar o processo de impeachment. Na opinião do senador goiano, Dilma tornou-se mera figurante em uma gestão dominada pelo principal partido da base aliada, o PMDB.

“Pela primeira vez na história estamos assistindo um presidencialismo figurativo. A presidente Dilma entregou todo o governo ao PMDB com objetivo único de retardar a votação do processo de impeachment. Ela foi totalmente excluída do processo de comando, é a viúva Porcina: foi sem ter sido”, avaliou o senador.

Para Caiado, mesmo com o novo loteamento de cargos, Dilma permanece sem credibilidade para fazer ajuste fiscal e qualquer reforma tributária ou previdenciária. “Ela não tem nenhuma credibilidade para fazer ajuste fiscal até porque os deputados serão cobrados nas suas bases nos estados. Então, essa reforma, que expõe o balcão de negócios do governo petista, é apenas uma forma de a presidente se manter mais algum tempo no poder”, disse o parlamentar goiano.

“Nosso papel no Congresso será levar a adiante o processo de impeachment e encerrar de vez esse ciclo nefasto de corrupção, barganha e péssima gestão que tomou conta do Executivo federal”, finalizou.

Líder do PPS bate duro

Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR) também endossa a tese defendida pelo senador democrata. Na opinião do deputado paranaense, a reforma ministerial é mais uma tentativa desesperada da presidente Dilma manter-se no poder. “A presidente quer se safar do impeachment. Isso não é uma reforma ministerial. Essa liquidação de cargos mostra bem o grau de desespero de Dilma para se manter no poder”, criticou.

Ao invés da extinção de dez ministérios, anunciada anteriormente, Dilma só cortou oito pastas, trinta secretarias e três mil cargos comissionados.

Para agradar setores do PMDB, a presidente contemplou os deputados federais Marcelo Castro (PI) com a Saúde e Celso Pansera (RJ), ligado a Eduardo Cunha, com a Ciência e Tecnologia. Com isso, Dilma amplia ainda mais o espaço do partido na chamada “coalizão governista”. O PMDB passa a comandar sete pastas na Esplanada dos Ministérios.

“Estes cortes estão aquém do que a sociedade esperava. O país está em crise e a corrupção continua correndo solta. Mas prioridade de Dilma é se sustentar politicamente no Congresso Nacional. Daí o grande espaço cedido ao PMDB”, analisou Rubens Bueno.

O parlamentar do PPS disse que a população esperava que o governo colaborasse efetivamente para enfrentar a crise, mas o que se viu, mais uma vez, foi a frustração de todos os brasileiros. “Dilma vê essa reforma como uma tábua de salvação para tentar permanecer no Planalto. Pelo visto, a incompetência vai continuar”, disse.

Roberto Freire não perdoa

Presidente nacional do PPS, o deputado federal Roberto Freire (SP), afirmou, nesta sexta-feira (2), que a reforma ministerial nada mais é do que “uma tentativa dela de se segurar no poder para não sofrer impeachment”. “Não é uma reforma séria”, resumiu.

As mudanças, afirmou Freire, “não servirão para enfrentar a crise ou para acrescentar algo de fundamental para melhorar a situação do país. O desgoverno continua e a ingovernabilidade também”. Na verdade, a presidente está apenas usando o governo para tentar se salvar, analisou o deputado. “Alguns desses (que estão participando da reforma) vão apenas colocar uma página nada edificante em suas biografias”.

Na opinião de Freire, a estratégia não funcionará porque “o embate está se dando dentro do PMDB”, e a sociedade precisa se mobilizar para pressionar em favor do encaminhamento dos processos de impeachment que estão na Câmara. “Temos que lutar pelo necessário afastamento da presidente”, exortou Freire, que acusou Dilma de não honrar a própria palavra.

“Ela (Dilma) é incrível porque tudo o que ela anuncia não se concretiza”, disse Freire. “Não há esforço significativo para a redução de custos nem o fim do aparelhamento dos cargos comissionados, o que passou batido”. Para Freire, a reforma é “um arranjo para tentar evitar um impeachment, não medidas para enfrentar a crise”.

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