PSDB reavalia apoio a Eduardo Cunha e já pensa em “saída honrosa” para o presidente da Câmara

eduardo_cunha_31Olho da rua – Nesta terça-feira (6), o PSDB avisou a Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, que pedirá sua renúncia do cargo se aparecerem documentos que comprovem a existência de contas bancárias na Suíça. De acordo com os tucanos, a situação está ficando “insustentável”, inclusive já se cogita buscar uma “saída honrosa” para o peemedebista.

A bancada do partido se reuniu na tarde desta terça para discutir o assunto. Vários parlamentares da legenda já defendem o afastamento de Cunha. O deputado Valdir Rossoni divulgou nas redes sociais as fotos de Dilma e Cunha com uma pergunta: “Quem faz mais mal ao Brasil?”. “Se o MP confirmar (as contas de Cunha na Suíça) a situação de Cunha ficaria insustentável”, afirmou o deputado Vanderlei Macris.

Na última semana, o Ministério Público suíço comunicou à Procuradoria-Geral da República no Brasil a transferência de autos de uma investigação criminal aberta no país europeu que identificou ao menos quatro contas atribuídas a Cunha e parentes. Cerca de US$ 5 milhões teriam sido bloqueados.

De acordo com os procuradores suíços, Cunha foi informado sobre o bloqueio das contas. Antes, o peemedebista havia negado que tivesse sido avisado pelas autoridades da Suíça.

O presidente da Câmara já foi denunciado no Supremo Tribunal Federal por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de receber propina de US$ 5 milhões em contratos de navios-sonda da Petrobras. Cunha nega envolvimento com os crimes investigados pela Operação Lava-Jato e sustenta que não possui contas na Suíça, a exemplo do que fez em depoimento na CPI da Petrobras, em março.

Até agora, apesar da acusação formal e das suspeitas que pesam contra o presidente da Câmara, o PSDB vinha mantendo uma posição de apoio a ele. Os tucanos reconhecem que o peemedebista e sua postura hostil ao Palácio do Planalto foi fundamental para o cerco ao governo no Congresso Nacional. Cabe a Cunha a análise de pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Entretanto, o avanço das investigações da Lava Jato causa constrangimento ao principal partido oposicionista. Na última segunda-feira, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), afirmou que Cunha “tinha o benefício da dúvida”.

Nesta terça, o próprio Sampaio esteve no gabinete do presidente da Câmara e comunicou que o partido vai desembarcar da defesa dele se aparecerem extratos ou comprovantes de contas mantidas secretamente no exterior. Se ficar provado que Cunha mentiu perante seus pares, ele poderá ser processado por falta de decoro parlamentar.

A intenção da legenda tucana, nesse caso, é defender uma “saída honrosa” para o peemedebista: a renúncia e a manutenção do mandato para que ele possa se defender sem perder o foro privilegiado.

Até o momento, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, trata o caso como um assunto da Câmara. O mineiro admite que o peemedebista foi importante para “alianças estratégicas” e, segundo ele, “feitas à luz do dia” com a oposição. Mas reconhece a gravidade das acusações e suspeitas envolvendo Cunha.

“O Eduardo tem de responder à Justiça. As denúncias, se comprovadas, óbvio que a situação dele fica muito difícil. Mas isso é uma decisão que a Câmara terá de tomar. As denúncias são graves, vamos aguardar sua defesa. Mas, se comprovado, por exemplo, que ele mentiu à CPI, aí a sua situação fica muito difícil”, declarou o senador. (Danielle Cabral Távora)

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