Lava-Jato: Suíça já bloqueou mais de 100 contas e promete enviar novos dados; informação confirma matéria do UCHO.INFO

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No Ministério Público suíço o Brasil é o tema da vez, já que a Operação Lava-Jato, em pauta desde março de 2014, parece não ter fim. Os suíços já revelaram importantes informações sobre ex-diretores da Petrobras, Odebrecht, operadores, doleiros e, mais recentemente, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas investigadores do caso declararam que existem mais de cem contas congeladas cujos titulares ou beneficiários ainda não tiveram seus nomes revelados.

Essa informação confirma matéria do UCHO.INFO, que noticiou, há dias, que Fernando Soares, o Fernando Baiano, operava dezenas de contas bancárias no exterior e até agora não revelou à força-tarefa da Lava-Jato tudo o que sabe sobre o Petrolão, o esquema de corrupção que funcionou impunemente durante uma década na Petrobras

Segundo informações dos investigadores suíços, o volume de dinheiro movimentado na tais contas pode chegar a R$ 1 bilhão. O processo e envio de dados ao Brasil continuarão no próximo ano.

Em novembro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fará uma viagem para Berna, o que, espera-se, produzirá novos anúncios na esteira do acordo de cooperação entre ambos os Ministérios Públicos.

No final de 2013 os suíços iniciaram a investigação sobre os ex-diretores da Petrobras, ocasião em que estreou uma intensa colaboração com o Brasil e centenas de páginas de extratos bancários e informações começaram a ser enviadas à PGR.

Em novembro de 2014, os procuradores Orlando Martello, Deltan Dallagnol e Eduardo Pelella estiveram na Suíça à procura de documentos para as investigações da Lava-Jato. Enquanto isso, aqui no Brasil, a delação premiada de diferentes atores também alimentou a busca no país europeu. A cada nova revelação, os investigadores brasileiros acionavam os suíços que, então, ampliavam as buscas. Fontes do MP suíço confirmaram que a investigação ganhou dimensão tal, que o “dossiê Petrobras” foi dividido em mais de uma dezena de subcasos.

De acordo com as autoridades suíças, a constatação é de que a onda de revelações está longe de acabar. Se muitos dos nomes dos envolvidos já são conhecidos, os investigadores garantem que mais de cem contas já bloqueadas ainda não tiveram seus detalhes revelados e que a apuração ainda continua para traçar a origem do dinheiro e seu destino final.

Segundo as investigações, diversos operadores criaram uma rede complexa de empresas de fachada, fundos abertos em paraísos fiscais e camuflaram seus nomes para dificultar a busca de informações.

Apesar disso, uma parte substancial desse volume inicial de dinheiro congelado já começou a ser devolvido ao Brasil, montante que estava depositado em contas de suspeitos que selaram acordos de delação premiada.

Até agora, cerca de R$ 390 milhões foram repatriados, incluindo cerca de R$ 189 milhões pertencentes a Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, e outros R$ 89 milhões pertencentes a Paulo Roberto Costa, do ex-diretor de Abastecimento da estatal.

Entretanto, no total os suíços confiscaram cerca de US$ 400 milhões, ou seja, R$ 1,5 bilhão, ainda que nem todo o dinheiro tenha o direito de retornar ao Brasil, mesmo com as condenações proferidas pela Justiça verde-loura.

Levando-se em conta que o dinheiro desviado dos cofres da Petrobras, por meio de superfaturamento de contratos com empreiteiras, deve chegar à marca dos R$ 20 bilhões, ainda há muito a ser descoberto. Isso mostra que os delatores firmaram acordo de colaboração premiada para minimizar as penas condenatórias, mas nem de longe revelaram o que realmente sabem.

Além de Fernando Baiano, outro personagem da Lava-Jato que ainda não contou o que sabe é o doleiro Alberto Youssef. Preso desde o início da operação da Polícia Federal, Youssef herdou a administração da bilionária operação financeira que estava a cargo de José Janene, seu compadre e criador do esquema de corrupção que ficou conhecido como Petrolão.

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