A presença de Henrique Pizzolato no voo da TAM que parte de Milão na noite desta quinta-feira (22), horário da Itália, gerou protestos entre parte dos passageiros. O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, condenado na Ação Penal Penal 470 (Mensalão do PT) a 12 anos e 7 meses de prisão, foi extraditado do país europeu, para onde fugiu em setembro de 2013 usando um passaporte da Comunidade Europeia em nome do irmão, já falecido.
Um grupo de brasileiros, que retorna das férias, afirmou saber que o “mensaleiro” embarcaria e que programou uma salva de palmas e uma vaia ao brasileiro.
Um dos passageiros, integrante da comitiva, afirmou que “ele deve ser levado para a prisão para pagar pelos crimes que cometeu. Essa prisão representa o que deve acontecer com quem rouba”. Outro declarou que “o Brasil deveria mandar a conta para ele de tudo o que gastou para trazê-lo de volta”.
A revolta era tamanha, que um integrante do grupo, chegou a insultar, com palavras ofensivas, tanto Pizzolato quanto Lula e Dilma. A Polícia Federal montou um esquema reforçado de segurança para trazer o petista de volta ao Brasil, enviando a Milão, no início desta semana, três delegados e uma enfermeira para buscar o ex-diretor do BB.
De acordo com a PF, em casos semelhantes são destacados dois agentes federais para fazer a escolta do extraditado, mas dessa vez a escolta policial foi reforçada. Por questões de segurança, Pizzolato foi acomodado na parte de trás da aeronave, juntamente com os agentes e a enfermeira.
A deputada ítalo-brasileira Renata Bueno classificou como “uma vitória da Justiça” e um “golpe contra impunidade” a extradição de Pizzolato. “De forma sábia, a Justiça e o governo italiano entenderam que a dupla cidadania, que Pizzolato possui, não pode servir de escudo para proteger criminosos. Foi um processo longo, que durou mais de dois anos, mas felizmente conseguimos sua extradição ao Brasil para que cumpra a pena pelos crimes que cometeu”, comemorou a parlamentar.
Henrique Pizzolato deve chegar ao Brasil por volta das 5 horas da manhã de sexta-feira (23), mas na sequência seguirá para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, onde outros petistas condenados no processo do Mensalão cumpriram pena de prisão, como José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha.
Parlamentar acompanhou o caso
Eleita na América do Sul para representar a comunidade italiana da região no Parlamento da Itália, Renata Bueno acompanhou desde o princípio o desenrolar do caso Pizzolato. Logo após sua fuga, em novembro de 2013, e as primeiras notícias de que ele poderia estar escondido no país, Renata procurou as autoridades italianas e a Interpol para pedir empenho nas buscas ao condenado na Ação Penal 470. O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil acabou sendo preso no dia 5 de fevereiro de 2014 da cidade de Maranello (a 322 km de Roma), no norte da Itália.
A partir de então, a parlamentar começou a acompanhar todo o processo de julgamento e extradição de Pizzolato. “Acompanhamos a prisão, a primeira decisão da Corte de Bolonha e o recurso na Corte de Justiça, que validou a extradição plena, inclusive determinado a prisão imediata dele. Durante todo esse processo, tivemos em contato com os magistrados mostrando a importância política desse caso para o Brasil. Relatamos que se tratava de um escândalo de corrupção muito grande, num processo de durou vários anos, e que resultou na condenação em último grau de vários réus, sendo que só Pizzolato, que fugiu para a Itália, estava solto”, explicou Renata Bueno.
Depois dessa etapa, a parlamentar atuou junto ao governo da Itália e ao Conselho de Estado, mantendo diversos contatos com o ministro da Justiça, Andrea Orlando, que deu a palavra final para a extradição e colocou Pizzolato à disposição da Justiça brasileira.