Blatter revela que governo francês e Platini manipularam eleição para Copa do Qatar em 2022

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Afastado temporariamente da presidência da FIFA, Joseph Sepp Blatter voltou a atacar Michel Platini. O dirigente suíço acusou o ex-craque francês de participar de esquema de manipulação de votos para eleger o Qatar como sede do Mundial de 2022.

Blatter revelou que Platini e o então presidente da França, Nicolas Sarkozy, pressionaram a Uefa, pois havia relação comercial entre os governos franceses e qatariano.

De acordo com o suíço, estava tudo certo para que os Estados Unidos sediassem o Mundial de 2022, em eleição que aconteceu em 2010. Entretanto, Platini e o governo da França tinham por trás acordo de venda de 24 jatos para o Qatar, que pagou US$ 7 bilhões (com opção de compra de mais 12 jatos).

“Nos bastidores já havia sido acertado de forma diplomática que as Copas de 2018 e 2022 seriam na Rússia e EUA. Apenas uma semana antes da eleição, eu recebi telefonema do Platini para votar no Qatar. Ele disse: ‘Me foi dito pelo chefe de Estado [Sarkozy] para quem devemos considerar a situação da França”, afirmou Blatter ao jornal Financial Times. “Em uma eleição, você nunca pode evitar que isso [acordo nos bastidores] aconteça. É impossível”.

Blatter ainda afirmou que seu afastamento da entidade aconteceu por questões políticas. Ele ressaltou que a Uefa se voltou definitivamente contra ele pouco antes da Copa do Mundo. Segundo Blatter, a Uefa, então liderada por Platini, agiu de “forma suja” com claro intuito de assumir o comando da FIFA.

“Faz três anos que a Uefa me pressionava e, mais especificamente, depois da Copa no Brasil é que eles não me queriam mais como presidente. Foi um ataque coordenado pelo presidente [Platini]. Mas as outras confederações estavam comigo. Então eles [Uefa] criaram um ataque à FIFA e ao presidente da FIFA”, destacou Blatter.

O suíço aproveitou a oportunidade para repudiar as queixas feitas pelos grandes patrocinadores do futebol relativas ao escândalo de suborno e corrupção na Fifa, dizendo que têm motivação política e foram feitas por ordem dos Estados Unidos.

“São as empresas norte-americanas”, disse Blatter ao Financial Times em entrevista, fazendo referência a companhias como Coca-Cola, McDonald’s, Visa e Anheuser-Busch InBev, dona da Budweiser.

“As outras empresas não disseram nada. Então, você é inteligente o suficiente para fazer a conexão com as empresas norte-americanas e a investigação norte-americana. Não preciso enfatizar isso”, afirmou.

Nesta sexta-feira, 30, o ministro dos esportes da Rússia, Vitali Mutko, desmentiu que tenha havido qualquer tipo de acerto. “Apresentamos nosso projeto. A Rússia não chegou a qualquer acordo com ninguém. Conseguimos esta Copa do Mundo graças a nossos méritos”, declarou Mutko citado pelas agências russas.

Um dia antes, Sarkozy, que estava justamente em Moscou para se reunir com Vladimir Putin, também fez questão de desmentir as alegações do cartola, em entrevista à BFMTV. “Mais uma pessoa que acha que tenho muito poder mesmo”, ironizou o presidente do partido de direita da França, Les Républicains.

“Eu não tinha esta ambição, nem a de dirigir o Paris Saint-Germain (que foi comprado por um fundo de investimento catariano em 2011), nem de atribuir a Copa do Mundo a quem quer que seja. Mas pode agradecer a Blatter por mim. Ele deve ter falado isso por conta da grande amizade com Platini”, declarou o ex-presidente da França.

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