CIA ainda não vê evidências terroristas em queda de avião no Egito; russos pedem cautela

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Na segunda-feira (2), o chefe da inteligência norte-americana, James Clapter, afirmou, em Washington, que ainda não há sinais de que houve um ato terrorista na queda do avião russo no Sinai egípcio, no último dia 31 de outubro.

Clapter, diretor-geral da Agência Central de Inteligência estadunidense (CIA), declarou que é improvável que o grupo Estado Islâmico (EI) conte com os meios necessários para derrubar um avião comercial em pleno voo. Porém, ele destacou que não podia ainda “excluir” totalmente esta possibilidade.

A companhia aérea informou que o Airbus 321 caiu devido a fatores “externos” e que a desintegração da aeronave no ar não se deveu a “nenhuma falha técnica ou erro de pilotagem”.

Tanto o Cairo quanto Moscou descartaram uma reivindicação do braço egípcio do EI assumindo ter derrubado o avião que voava do balneário egípcio de Sharm el Sheikh para a Rússia com 224 pessoas a bordo. A aeronave da companhia Metrojet caiu nas primeiras horas de sábado, 23 minutos após sua decolagem.

Investigadores estão analisando todas as possíveis causas da tragédia, enquanto vasculham a remota península do Sinai onde o a aeronave caiu. Além das autoridades egípcias, participam também da investigação especialistas russos e da empresa Airbus.

Outras autoridades americanas também afirmaram ser impossível, por enquanto, estabelecer um vínculo com ato terrorista. “Não temos nada por enquanto para corroborar uma conexão com o terrorismo”, declarou Nicholas Rasmussen, diretor do Centro Nacional Antiterrorista americano (NCTC). “Não vimos nenhum informe que apoie” as reivindicações do EI, indicou, por sua vez, o porta-voz do Departamento de Estado, Elizabeth Trudeau.

Na opinião do UCHO.INFO, a reivindicação da autoria da tragédia por parte do Estado Islâmico não passa de oportunismo barato e covarde de um grupo terrorista que, a reboque de ações criminosas marcadas pelo radicalismo, tenta intimidar parte da população do planeta sob a justificativa rasteira de que é preciso enfrentar o Ocidente a partir de um califado emoldurado pelo ortodoxismo islâmico.

Apesar de a hipótese de atentado patrocinado pelo “EI” ter sido descartada momentaneamente, o grupo terrorista não pode ser ignorado, assim como seu poder de atuação deve ser minimizado, pois muitos dos cooptados foram atraídos pelo discurso insano da guerra santa contra os que, em tese, se opõem ao Islã. Ou seja, é preciso apurar as causas do trágico acidente ocorrido com a aeronave da Metrojet, ao mesmo tempo em que é imperativo banir o Estado Islâmico.

Mudanças bruscas

Enquanto a tese de atentado ganha força fora dos liames técnicos, uma possível falha estrutural no Airbus A321 da Metrojet pode ter sido a causa do acidente. Mudanças bruscas de velocidade e de altitude em curto espaço de tempo são analisadas com atenção pelos investigadores, o que pode ter ocorrido a partir do desprendimento de alguma peça ou do rompimento da fuselagem da aeronave.

Os peritos passaram a considerar essa hipótese depois que o “FlightRAdar24”, aplicativo que acompanha em tempo real todos os voos ao redor do planeta, registrou que em apenas um minuto a velocidade do A321 despencou de 833 km/h para 344 km/h, enquanto o avião subia para a altitude de cruzeiro e, na sequência, iniciou trajetória aparentemente descontrolada, ganhando e perdendo altitude até despencar quase 8 mil metros em aproximadamente de um minuto. O que é incomum. Esses foram os últimos momentos da aeronave captados pelos radares.

Diretor do Comitê Intergovernamental de Aviação (MAK), o russo Viktor Sorotchenko diz que é preciso cautela diante do acidente: “Ainda é muito cedo para tirar qualquer conclusão. A investigação pode levar meses”.

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