Os desdobramentos das prisões autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e efetuadas na quarta-feira (26) na esteira da Operação Lava-Jato parecem não ter fim, mesmo com a decisão do Senado de manter a decisão da Corte de manter encarcerado o senador Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo na Casa legislativa.
Relator no STF dos processos decorrentes da Lava-Jato, o ministro Teori Zavascki autorizou, na noite de quarta-feira (25), a inclusão do nome do advogado Edson Ribeiro, que defendia Nestor Cerveró, na “difusão vermelha” da Interpol.
Localizado nos Estados Unidos no mesmo dia em que a Polícia Federal prendeu, no Brasil, Delcídio Amaral e o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, o advogado não foi detido pelas autoridades norte-americanas, que aguardavam a inclusão do seu nome na lista de procurados pela Interpol. Com a decisão do ministro do STF, a prisão de Ribeiro acontecerá nas próximas horas, já que o mesmo está sendo monitorado pelas autoridades estadunidenses.
Acusado de auxiliar Delcídio na tentativa frustrada de prejudicar o acordo de delação premiada entre Nestor Cerveró e o Ministério Público Federal ou, então, omitir dados no depoimento à força-tarefa da Lava-Jato, Ribeiro teve o visto de entrada nos EUA já foi localizado pela PF, que sabe a cidade onde está o advogado.
Cerco da PGR
O relatório da Procuradoria-Geral da República, em que consta os pedidos de prisão, destaca as tentativas de Delcídio de “embaraçar as investigações”. Fala em “atuação concreta e intensa” do senador petista e do banqueiro para evitar a delação premiada de Nestor Cerveró, o que na opinião dos procuradores configura “conduta obstrutiva” e “tentativa de interferência política em investigações judiciais”.
A PGR afirma no documento enviado ao STF que a mesada de R$ 50 mil seria paga à família de Cerveró, sob um “acordo dissimulado” entre o advogado Edson Ribeiro e o BTG Pactual, de André Esteves, que continua preso na carceragem da Superintendência da PF no Rio de Janeiro.
Ainda de acordo com o documento da PGR, parte dos valores prometidos a Cerveró seria repassada a partir de honorários advocatícios pagos por Esteves ao advogado.
Delcídio também teria prometido a Edson Ribeiro, conforme destaca a PGR, mais R$ 4 milhões em honorários advocatícios. O relatório foi elaborado a partir das gravações realizadas por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, de duas reuniões, realizadas nos dias 4 e 19 de novembro. Em um luxuoso hotel de Brasília e com a participação do senador e de André Esteves.
Delcídio fala sobre o UCHO.INFO
Para o UCHO.INFO a prisão de Delcídio Amaral não causou surpresa, pois o petista, que tem DNA tucano, sempre se comportou de maneira estranha desde o estouro do escândalo de corrupção conhecido como Mensalão do PT. A partir da eclosão do episódio, em 2005, Delcídio deixou de encontra-se publicamente com o então deputado federal José Janene, já falecido, criador do esquema de corrupção que agora é conhecido como Petrolão.
Por ocasião da CPMI dos Correios, da qual Delcídio foi presidente, o senador passou a se preocupar com as matérias jornalísticas deste noticioso, já que sabia do vasto conhecimento do editor acerca dos bastidores do esquema de corrupção que à época já funcionava na Petrobras.
Aliás, em meados de 2005 o editor do site afirmou, sem medo de errar, que um novo esquema de corrupção já estava em funcionamento no âmbito do governo federal, como forma de substituir o Mensalão do PT. Desde então, o editor passou a ser alvo de seguidas ameaças e invasões de privacidade, como se no Brasil a liberdade de imprensa, mesmo que vulnerável, fosse uma obra de ficção.
O posicionamento de Delcídio Amaral em relação a este portal ficou claro em depoimento do petista acerca do nosso trabalho jornalístico.
“Eu gosto muito do site pelo grande dinamismo. Eu mesmo já levei umas cutucadas, mas digo que é um jornalismo que forma a opinião pública e que desperta o interesse de toda a classe política. O site já foi citado em investigação de CPI, em comissões do nosso trabalho comum, no plenário e na imprensa. Os políticos e a opinião pública estão atentos a esse trabalho interessante e bem feito”, disse certa feita Delcídio Amaral sobre o UCHO.INFO.