Vencidas as primeiras quarenta e oito horas da prisão do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, muitas especulações tomaram conta do mercado financeiro. E como tal correram o universo das finanças como rastilho de pólvora. Ao contrário dos boatos de que o BTG estaria com problema de liquidez por conta da ação da Polícia Federal que mandou para a cadeia o principal executivo da instituição, o banco não se abalou com a decisão de clientes que quiseram sacar seus investimentos.
Informações obtidas pelo UCHO.INFO com respeitados profissionais do mercado financeiro dão conta que os saques nos últimos dois dias, no BTG, alcançaram um volume expressivo, em especial nesta sexta-feira (27), mas não a ponto de afetar a liquidez do banco de investimentos.
O Banco Central vem acompanhando mais de perto o comportamento do BTG depois da prisão de seu principal executivo, ao mesmo tempo em que trabalha para que, se colocado em liberdade, André Esteves não volte ao comando da instituição financeira.
Reconhecido por muito por sua gestão forte, eficiente e de excelência, o BTG Pactual é o quarto maior administrador de recursos domésticos, com R$ 200 bilhões ou mais em administração de ativos. O banco tem interessantes fundos de investimento, como, por exemplo, nos setores de infraestrutura e multimercado, carteiras que interessam aos concorrentes e assunto que alimentou nesta sexta muitas especulações acerca do futuro do BTG, que tem patrimônio líquido na casa de 22 bilhões, aproximadamente.
Se por um lado os “assets” do BTG interessam a algumas instituições financeiras, como Bradesco e Crédit Suisse, por outro os sócios de André Esteves podem assumir o banco e zerar a posição do banqueiro que encontra-se preso no Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro.
Um operador do mercado financeiro ouvido pelo editor do UCHO.INFO afirmou que a saída de Esteves seria uma saída inteligente, pois preservaria a instituição, mesmo com a perda de investimentos que pode chegar a 40% do total atual. Tal solução – os sócios comprando o BTG – circulou com certa rapidez no mercado financeiro nacional, que terá o final de semana para destrinchar o imbróglio envolvendo André Esteves, cuja prisão temporária vence no próximo domingo (29).
O detalhe que chama a atenção nessa epopeia em que se transformou mais um capítulo da Operação Lava-Jato é que Esteves não deveria ter sido preso apenas pelos detalhes que vieram à tona. No máximo ele poderia ser conduzido coercitivamente para depor e explicar os fatos, como, por exemplo, a afirmação de que teve acesso à minuta do acordo de delação premiada firmado por Nestor Cerveró com a força-tarefa da operação que desmontou o Petrolão, o maior escândalo de corrupção da História.
Esse cenário permite concluir que há muitos outros detalhes, ainda não revelados, que serviram de base para o deferimento do pedido de prisão de André Esteves, que para situação aparentemente simples em termos jurídicos não precisaria ter contratado um advogado tão caro e badalado, como Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Não por acaso, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, negou o pedido de habeas corpus feito por Kakay em nome do banqueiro. Enfim…