Nesta quinta-feira (3), autoridades suíças e norte-americanas prenderam, em Zurique, Miguel Angel Napout, presidente da Conmebol, e Alfredo Hawit, vice-presidente da FIFA e presidente da Concacaf. Ambos são investigados por envolvimento em casos de extorsão, lavagem de dinheiro e fraude. A prisão aconteceu no luxuoso hotel Baur au Lac, onde sete dirigentes haviam sido detidos em maio, inclusive o brasileiro José Maria Marin.
Napout e Hawit, que também são vice-presidentes da FIFA, são suspeitos de aceitar propinas de milhões de dólares na venda de direitos de transmissão das eliminatórias da Copa do Mundo e outros torneios na América Latina, como a Copa América. Eles tinham ido à Suíça para participar de Congresso do Comitê Executivo da FIFA.
O presidente interino da entidade, Issa Hyatou, aproveitou a oportunidade para afirmar que “os acontecimentos dessa manhã de quinta reforçaram a necessidade de reforma na FIFA”.
O substituto de Marco Polo Del Nero, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Comitê Executivo, Fernando Sarney, descreveu o clima da reunião da FIFA após as prisões. “É como se alguém tivesse morrido, como se tivesse acontecendo novamente”, declarou à agência de notícias Associated Press.
De acordo com o comunicado emitido pelas autoridades suíças, as prisões foram realizadas mediante requerimento do Departamento de Justiça dos EUA em 29 de novembro.
“Dirigentes do alto escalão da FIFA são acusados de receber dinheiro em troca da venda de direitos de marketing ligados a torneios de futebol na América Latina, assim como de partidas das Eliminatórias da Copa do Mundo. De acordo com os mandados de prisão, algumas das infrações foram acordadas e preparadas nos EUA. Os pagamentos também foram processados via bancos dos EUA”, destaca o comunicado.
Os dirigentes detidos nesta quinta-feira devem ser ouvidos nas próximas horas. Os Estados Unidos têm 40 dias para formalizar o pedido de extradição.
O uruguaio Wilmar Valdez, vice-presidente da Conmebol, ficará com a vaga deixada por Miguel Angel Napout.
Em nota, a FIFA prometeu cooperar com as investigações. “A FIFA está ciente das ações conduzidas hoje pelo Departamento de Justiça dos EUA. A FIFA continuará a cooperar integralmente com as investigações norte-americanas, conforme permitido pela lei suíça, assim como a investigação conduzida pelas autoridades suíças”.
Com as prisões, chega a nove o número de dirigentes detidos na investigação na FIFA. Antes deles, José Maria Marin (em prisão domiciliar em Nova York, tendo que usar tornozeleira eletrônica), Jeffrey Webb, Eugenio Figueredo, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas e Rafael Esquivel tiveram destino semelhante.
A nova rodada de prisões em Zurique ocorreu no mesmo dia em que o Comitê Executivo da FIFA se reúne para deliberar sobre o relatório do Comitê de Ética da entidade. O órgão elaborou uma série de medidas visando trazer transparência e resgatar credibilidade à organização em meio ao escândalo de corrupção que abalou o futebol.