Del Nero se licencia da presidência da CBF após FIFA abrir processo administrativo contra o cartola

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Nesta quinta-feira (3), o Comitê de Ética da FIFA informou que abriu processo administrativo contra o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Marco Polo Del Nero, no última dia 23 de novembro. Os motivos seriam várias violações do código de ética da entidade. Del Nero corre risco de ser suspenso pela FIFA e no começo da noite se licenciou do comando da CBF. O cartola ficará afastado da entidade máxima do futebol brasileiros durante 180 dias, período em que se dedicará à própria defesa.

Na última semana, Del Nero foi desligado do Comitê Executivo da FIFA e, três dias após tomar conhecimento de abertura de processo, renunciou ao cargo. Fernando Sarney, seu substituto no comitê da FIFA, está na Suíça para reunião da entidade.

O presidente da CBF é investigado pelo FBI há meses. Desde então, o dirigente faltou a todos os compromissos no exterior. Inclusive evitou acompanhar a seleção brasileira em amistosos nos Estados Unidos, em setembro. Ele também não compareceu à eleição da FIFA, no fim de maio, em Zurique.

“A FIFA não vai controlar a decisão da Justiça. A Justiça está conduzindo as investigações. A FIFA está cuidando da reforma do estatuto. Nós não temos autoridade nas polícias suíça e americana”, afirmou o presidente da entidade, Issa Hayatou, em entrevista coletiva nesta quinta-feira.

Os EUA apuram negociações de contrato da CBF e autorizados por Del Nero com a Traffic, empresa que comercializa eventos esportivos. José Hawilla, proprietário da companhia, acertou delação premiada com a Justiça norte-americana para evitar prisão em regime fechado nos EUA.

Atualmente, as autoridades avaliam se Del Nero obrigou a Traffic a compartilhar contratos da Copa do Brasil com a Klefer a partir de 2011. A empresa detinha exclusividade no gerenciamento das transmissões do torneio promovido pela CBF até então.

De acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”, a Klefer pagaria à CBF R$ 128 milhões para ter direito aos torneios de 2015 a 2022, deixando a empresa de Hawilla em segundo plano.

No final de maio, Del Nero declarou que os contratos suspeitos e investigados pela Justiça norte-americana foram assinados por ex-presidentes da CBF. Ele se referiu ao acordo assinado pela CBF com a Nike, além de contratos televisivos. Nos últimos meses, o cartola tem se negado a responder qualquer pergunta sobre supostas irregularidades em sua gestão.

Paralelamente ao processo aberto pela Fifa contra Del Nero, a Justiça suíça comunicou a prisão de de Miguel Angel Napout, presidente da Conmebol, e Alfredo Hawit, presidente da Federação Hondurenha de Futebol e presidente interino da Concacaf. Eles são suspeitos de aceitar “propinas de milhões de dólares”.

Também em maio, sete dirigentes foram presos em Zurique, entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marin. Todos eles foram detidos por corrupção na negociação de contratos televisivos de competições da América, mesma razão das duas prisões efetuadas nesta quinta-feira, no hotel Baur au Lac, local onde já haviam sido presos os outros dirigentes.

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