Nos últimos meses, com a descoberta de novos e escabrosos escândalos de corrupção, o projeto do PT era salvar, simultaneamente, o mandato de Dilma Rousseff e a borrada história política do agora lobista Lula. O tempo passou, as maracutaias cresceram, e o PT decidiu mudar a estratégia, já que o mar de lama não se apresentou tão favorável. De tal modo, o Partido dos Trabalhadores precisou fazer uma escolha. Entre salvar o mandato de Dilma e tentar garantir a sobrevivência da legenda, a segunda hipótese prevaleceu.
Há quem garanta que essa decisão foi tomada de forma unilateral pelo presidente do PT, Rui Falcão, mas nada disso aconteceu sem as ordens explícitas de Lula, que cada vez mais afunda nos escândalos que levam a chancela estelar da legenda que já foi comparada a uma organização criminosa.
No momento em que Falcão afirmou que o partido não se sentia obrigado a prestar solidariedade ao senador Delcídio Amaral (PT-MS), preso no último dia 25 de novembro em mais uma etapa da Operação Lava-Jato, o destino de Dilma estava selado. Pelo menos essa foi a leitura do UCHO.INFO, que há muito acompanha a política nacional e cujo editor foi responsável pela denúncia do esquema de corrupção recentemente batizado como Petrolão.
A situação tornou-se ainda mais evidente quando Rui Falcão anunciou que o partido analisava a possibilidade de expulsar Delcídio Amaral. Como se sabe, Delcídio era pessoa de confiança da presidente da República, com quem despachava frequentemente e às portas fechadas, e foi escolhido pelo PT para monitorar todos os “apaniguados” envolvidos na Lava-Jato, começando por Nestor Cerveró.
De igual modo, não é novidade que Delcídio aceitou a missão suicida de reunir-se com Bernardo Cerveró (filho do ex-diretor da Petrobras), com a obrigação de fazer propostas indecorosas, apenas porque estava a cumprir ordens de alguém com excesso de poder. Não se deve esquecer em que dado trecho do diálogo, gravado por Bernardo, o senador petista diz que Cerveró precisa deixar de afirmar que Dilma sabia de toda a operação que antecedeu a compra da obsoleta e superfaturada refinaria de Pasadena, no Texas, também conhecida como “Ruivinha”.
O cenário fermentou de vez quando a bancada do PT, cumprindo determinações da cúpula da legenda, decidiu não votar a favor de Eduardo Cunha no Conselho de Ética, o que poderia salvar o mandato do peemedebista, processado por quebra de decoro parlamentar. A alegação da cúpula petista é que o partido não teria como explicar tal atitude à militância e à população, como se o PT fosse uma reunião de abençoados querubins barrocos.
Resumindo, Dilma foi atirada aos leões por determinação de seu criador, que por questões óbvias, diante de câmeras e microfones, negará o que muitos sabem ser verdade. Tanto é assim, que Lula até o momento não fez qualquer declaração em defesa da sua criatura, que a partir de agora centrará todos os esforços do governo para tenta escapar da degola política.
É importante lembrar que na tentativa de salvar o mandato, Dilma terá de contar com um Lula visivelmente enfraquecido, situação que piora com o advento de novos escândalos, e um PT que segue dividido. Retomando o início desta matéria, entre Dilma e Lula ou Dilma e o PT, a presidente será oferecida às feras políticas para ser devorada. Isso porque há esperança entre os petistas que, sob o olor da carniça política de Dilma, o partido e seu líder maior se salvem.