Quem pensa que um eventual processo de impeachment de Dilma Rousseff – por enquanto houve apenas a aceitação do pedido – será simples e rápido que se prepare para o pior. Não bastasse o direito ao contraditório e à ampla defesa, petistas devem recorrer às chicanas jurídicas para atrasar ao máximo um processo que pode culminar não apenas com o fim do mais corrupto e incompetente governo da história nacional, mas também com o fim de um partido que acertadamente já foi comparado a uma organização criminosa.
Como se o governo do PT não adotasse o mesmo procedimento quando loteia os ministérios com a condição de ter apoio parlamentar, a bancada petista promete protocolar nesta quinta-feira (3), no Supremo Tribunal federal, representação em que pede o imediato afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara dos Deputados, sob a alegação de que o peemedebista se valeu da chantagem e usou indevidamente o cargo.
Deputados do PT apresentarão evidências de que Cunha usou o cargo para tentar impedir o avanço de investigações contra ele. Mesmo assim, alguém precisa avisar aos “companheiros” que no Brasil evidência não condena quem quer que seja. Fosse assim, Lula já estaria na cadeia por conta das muitas evidências acerca de suas estripulias enquanto presidente da República.
A ideia é alegar que Eduardo Cunha tentou chantagear três deputados do PT, integrantes do Conselho de Ética, para que os mesmos votassem a seu favor no processo a que o presidente da Câmara responde por quebra de decoro parlamentar.
Para tanto, o PT vem usando o deputado Paulo Teixeira (SP), vice-líder da legenda na Câmara, para puxar o coro contra Cunha, como se integrantes do núcleo duro do governo não tivessem negociado com o peemedebista durante dias a fio. O objetivo dos palacianos, que agiram a mando da presidente, era trocar a manutenção do mandato de Cunha pela não aceitação do pedido de impeachment de Dilma. Como a estratégia fracassou, a ordem agora é partir para o ataque.
“Ele estava claramente chantageando. Não aceitamos a chantagem. No mesmo dia em que anunciamos que votaríamos pela admissibilidade das investigações contra ele, Eduardo Cunha dá seguimento ao impeachment”, disse Paulo Teixeira.
“Eduardo Cunha é hoje um homem isolado e desesperado que está tomando medidas impensadas e que não reluta em tentar levar o país ao caos. Mas o Brasil está maduro e não vai permitir”, completou o petista.
Considerando que a especialidade do PT é não combinar decisões e discursos de forma antecipada, o melhor que o partido tem a fazer é repensar a estratégia, que pode facilmente se transformar em um tipo no pé, quiçá pela culatra. Isso porque Eduardo Cunha poderá usar a mesma manobra, alegando que o ministro Jaques Wagner o chantageou para impedir o acolhimento do pedido de impeachment.
É importante lembrar que o discurso atropelado de Dilma, logo após o anúncio do pedido de impeachment, e o comportamento da base aliada remeteram ao período enfrentado pelo então presidente Fernando Collor de Mello, antes de renunciar ao cargo em meio a um rumoroso processo de impedimento. Só falta Dilma repetir o seu agora enrolado aliado e pedir aos brasileiros que saiam às ruas usando verde e amarelo. Por sorte o Brasil não poderá contar com o “cara-pintada” Lindbergh Farias, o face lenhosa investigado na Operação Lava-Jato.