Aliado de Temer, Eliseu Padilha deixará a Aviação Civil; deserções podem complicar a situação de Dilma

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Até recentemente, segundo apurou o UCHO.INFO em Brasília, era grande a chance de o pedido de impeachment de Dilma Rousseff prosperar na Câmara dos Deputados. O levantamento foi feito no momento em que o governo do PT estava no ápice da crise e quando a insatisfação popular com a petista ainda borbulhava. Deputados federais de diversos partidos afirmaram que votariam a favor do impedimento, mas de lá para cá Dilma teve tempo suficiente promover uma reforma ministerial e distribuir cargos à vontade.

Após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acolher um dos pedidos de impedimento que estavam parados na Casa, surgiu uma dúvida sobre o número de parlamentares que apoiarão em plenário o pedido que pode culminar na saída da petista da Presidência da República. Para que o pedido de impeachment seja aprovado na Câmara são necessários pelo menos 342 votos, ou seja, dois terços dos 513 deputados federais.

Nas primeiras horas depois da aceitação do pedido, o governo e o PT agiram de forma rápida nos bastidores e supostamente têm mais votos do que o mínimo necessário para arquivar o pedido de impeachment. Ainda é cedo para o Palácio do Planalto comemorar, pois alguns fatores podem mudar esse quadro. O primeiro e mais importante é a pressão popular, já que meses atrás esse ingrediente era o maior temor de Dilma, por mais que o Partido dos Trabalhadores ameaçasse com enfrentamento nas ruas usando seus “exércitos”, como disse certa feita o usurpador João Pedro Stédile, líder do MST.

O segundo fator, o mais estratégico, é o apoio do PMDB, partido que ancora a chamada “base aliada”. Na quinta-feira (3), o staff palaciano tentou puxar o vice Michel Temer (PMDB) para a defesa de Dilma, mas o peemedebista limitou-se a dar conselhos, saindo de cena logo em seguida. De olho na principal cadeira do Palácio do Planalto, Temer sequer se deixou fotografar ao lado de Dilma durante reunião palaciana. Além disso, o vice-presidente da República e os assessores de Dilma foram antagônicos em relação a detalhes do encontro. A assessoria presidencial disse que a reunião se estendeu por toda a manhã de quinta-feira, ao passo que Temer disse que esteve com Dilma durante meia hora.

Político experimentado e esperto o suficiente para não cair na esparrela palaciana, Michel Temer tem conversado discretamente com companheiros de partido, os quais começam a ensaiar uma debandada. Sem contar a articulação que acontece nas coxias do PMDB para que Dilma pelo menos passe uma temporada (seis meses) fora do Palácio do Planalto. Apesar de ter sido o partido mais contemplado na reforma ministerial – atualmente comanda sete pastas –, o PMDB começa a registrar as primeiras deserções em relação ao governo Dilma.

Companheiro de primeira hora de Michel Temer e ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha anunciou nesta sexta-feira (4) que deixará a pasta. O que mostra que novos desembarques devem acontecer nos próximos dias. Se o movimento crescer, a presidente da República terá problemas para impedir que o PMDB vote a favor do seu impedimento.

A preocupação em relação ao tema é tão grande na sede do governo, que na quinta-feira o lobista Lula reuniu-se com o governador Luiz Fernando Pezão, do Rio de Janeiro, que mantém boas relações com o líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani. A ideia de Lula é forçar Picciani a indicar para a comissão processante, que decidirá sobre o pedido de impeachment, parlamentares que não decepcionem o governo. A comissão processante, pasme, terá 65 integrantes (32 titulares e 32 suplentes), o que pode dificultar o trabalho do colegiado.

Pelo sim ou pelo não, Dilma e seus assessores mais próximos defendem celeridade na análise do pedido de impeachment, pois sabem que com o avanço do tempo a situação pode mudar radicalmente, comprometendo a estratégia do governo. Como fator externo há o acirramento da crise econômica, que pode influenciar no resultado da votação no plenário da Câmara. Análises à parte, a derrocada de Dilma Rousseff depende apenas e tão somente da vontade popular.

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