Palacianos se dividem entre administrar o calvário de Dilma e não perder Michel Temer de vista

michel_temer_1003

Enquanto o PMDB, de olho na cadeira presidencial, articula nos bastidores e prepare um desembarque homeopático do governo de Dilma Rousseff, o Palácio do Planalto continua sonhando em ter o vice Michel Temer no núcleo de defesa da petista, que é alvo de pedido de impeachment.

Ministro da Secretária de Comunicação Social da Presidência e investigado na Operação Lava-Jato, o “companheiro” Edinho Silva é mais um dos palacianos que tentam atrair o vice para o grupo de amparo a Dilma. Edinho disse nesta sexta-feira (4) que aposta na atuação de Michel temer para reunificar o PMDB. Diz a sabedoria popular que “a esperança é a última que morre”, mas é no mínimo delírio imaginar que o PMDB pode inverter a mão da caminhada.

O primeiro sinal de que essa mudança não ocorrerá surgiu com o anúncio de que Eliseu Padilha, homem de confiança de Temer, deixará o comando da Secretaria de Aviação Civil, pasta com status de ministério.

Apesar das inequívocas evidências de que o PMDB prepara um desembarque do governo, Edinho Silva se esforça para minimizar a nova crise política que ronda o Palácio do Planalto. Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, Edinho não economizou otimismo: “Eu penso que a maior liderança do PMDB é o vice-presidente Michel Temer e ele vai trabalhar para unificar o partido, que, depois do PT, é o que tem maior número de ministérios e possui papel fundamental na governabilidade”. Como sonhar á gratuito, cada um tem o direito de dourar o próprio pesadelo.

Aparentemente o governo não desistirá tão cedo da ideia de ter Michel Temer no grupo palaciano que defende o mandato da presidente da República, mas é preciso voltar no tempo para compreender a postura cautelosa do vice. Quando comandava a articulação política do governo, missão que deixou há meses, Temer disse que era preciso alguém para unir o País. Foi o suficiente para Dilma “fritá-lo” politicamente. Com a atitude destemperada da petista, o vice deixou a função e largou a espinhosa tarefa para os mais chegados da chefe do governo.

O tempo passou e Dilma percebeu que a atuação do vice na articulação polícia era imprescindível, por isso convidou Temer para retomar a empreitada. Com bagagem de sobra para saber as mazelas da política, Michel Temer recusou por duas vezes seguidas o convite presidencial. Desde então ambos têm mantido uma distância que já era interpretada como divórcio político.

Há algumas semanas, em conversa com pessoa próxima e que não atua no meio político, Michel Temer, quando perguntado sobre a difícil situação de Dilma, se limitou a responder que está pronto para cumprir o papel que a Constituição Federal lhe reserva. Ou seja, Michel aguarda o dia em que esticará a faixa presidencial no peito. O vice-presidente da República foi além e confidencial ao amigo que lhe fazia visita de cortesia: “não moverei uma palha para defender essa mulher”. Em outras palavras, Michel Temer está magoado. E não será o escambo imundo que reina no Palácio do Planalto que fará com que ele mude de ideia.

Considerando que em 2018 o PMDB terá candidato presidencial próprio e que Temer deve pendurar as chuteiras, de acordo com suas próprias palavras, não se pode ignorar que alguém no comando do País é providencial a um partido que tem planos mais ousados.

Em suma, Dilma que se cuide, pois Michel Temer já escolheu o terno da posse. Afinal, do alto dos seus 75 anos, no momento ele é o homem mais cobiçado nessa república bananeira chamada Brasil. Sem contar que depois de longo interregno o País corre o risco de novamente ter uma primeira-dama.

apoio_04