Em recente discurso em favor de Dilma Vana Rousseff, o ex-presidente e lobista de empreiteira Lula disse que o acolhimento do pedido de impeachment de sua sucessora surgiu no momento em que o governo se esforça para tirar a economia nacional da crise.
Contudo, entre o que Lula diz e a realidade dos fatos há uma enorme distância, algo que os números do mercado financeiro mostram de forma clara e inequívoca. Afinal, a economia verde-loura está à beira do precipício, sem que as medidas anunciadas pelo Palácio do Planalto surtam qualquer efeito prático, a ponto de mudar o pensamento da opinião pública a respeito da chefe do Executivo federal.
Divulgado nesta segunda-feira (7), como de costume, o Boletim Focus, do Banco Central, mais uma vez trouxe números desanimadores sobre a economia brasileira. De acordo com os economistas das cem maiores instituições financeiras em atividade no País, o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano deve registrar retração de 3,50%, contra 3,19% da previsão anterior. Para 2016, a aposta é que o PIB tenha desempenho negativo de 2,31%, contra 2,04% da estimativa anterior.
Em relação à inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a aposta também é desanimadora. Para o próximo ano, os especialistas preveem que a inflação será de 6,70%, contra 6,44% da estimativa anterior. No caso de 2015, a mediana da inflação saltou de 10,38% para 10,44%, décima segunda semana consecutiva de alta. Esse cenário obrigou o Banco Central a ratificar sua posição de não mais focar a tarefa de levar a inflação para o centro da meta (4,5%) em 2016, mas apenas no ano seguinte.
No tocante à taxa básica de juro, os economistas creem que a Selic permanecerá nos atuais 14,25%. Contudo, para o próximo ano a previsão para a Selic subiu de 14,13% ao ano para 14,25%, depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) ter mantido a Selic inalterada, apesar de dois votos favoráveis ao aumento da taxa. O que mostra que a inflação ainda tem fôlego para suportar as investidas do Banco Central.
Na seara do dólar, o Boletim Focus, pela segunda semana consecutiva, apontou que a moeda norte-americana deve manter o comportamento da previsão anterior, chegando ao final deste ano sendo comercializada a R$ 3,95. Para o final de 2016, os economistas apostam em R$ 4,20 como preço de venda do dólar comercial, repetindo pela sexta vez consecutiva a previsão.
Dilma Rousseff pode fazer qualquer afirmação para tentar escapar do impeachment, mas o brasileiro já tem opinião formada sobre o pior e mais corrupto governo da história. Ao contrário do que afirmam os petistas em discursos insanos e desesperados, a crise econômica recolocou o cidadão diante das agruras do cotidiano, sem que exista qualquer sinal de luz no final do túnel. O desespero dos palacianos é tão grande, que planos absurdos estão sendo traçados para evitar o avanço do pedido de impeachment acolhido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Não se deve descartar a possibilidade de Dilma Rousseff se ver livre do processo de impeachment, até porque as barganhas estão ocorrendo à luz do dia, mas é preciso lembrar que na eventualidade de esse pesadelo passar, a economia entrará na espiral da crise. Afinal, o governo vem gastando mais do que arrecada, o que, apesar das manobras no Congresso Nacional, só piora a situação.