Aliados da atual presidente da Argentina, Cristina Elisabet Fernández de Kirchner, fizeram uma proposta para que ela deixe o bastão e a faixa presidenciais durante sua passagem pelo Congresso, ou seja, não faça a entrega ao seu sucessor, Mauricio Macri, como é o costume.
Aliados da presidente travam uma disputa com a equipe do sucessor pelo local da cerimônia de transmissão de mandato, na quinta–feira (10). “A proposta é que a presidenta presenciará o juramento e deixará os atributos no recinto para que alguém o entregue ao entrante”, destaca o comunicado.
Desde a última semana, Cristina e Macri divergem sobre o local onde deve ser a transmissão de mandato. No último domingo (6), Kirchner revelou que discutiu com o presidente eleito ao telefone sobre a cerimônia quando, conforme sua versão, Macri teria começado a gritar.
Os aliados de Macri negam e dizem que a presidente está mentindo. O presidente eleito deseja recuperar a tradição dos ex-presidentes, que receberam os atributos na Casa Rosada.
Cristina argumenta que o presidente é oficialmente empossado no momento em que faz o juramento diante do Congresso.
A falta de acordo provocou confusão entre representantes de delegações estrangeiras e jornalistas, que ainda não sabem onde será a cerimônia.
Na terça-feira (8), funcionários de países convidados foram convidados para uma reunião na sede do governo da capital Buenos Aires, governada por Macri, para tentar esclarecer detalhes da segurança e do protocolo do evento.
Presidentes de diversos países latino-americanos confirmaram presença, como Dilma Rousseff, Michelle Bachelet (Chile), Juan Manuel Santos (Colômbia), Evo Morales (Bolívia) e Tabaré Vázquez (Uruguai). Ainda estará presente em Buenos Aires o outrora rei Juan Carlos, da Espanha.
O secretário da presidência, Eduardo Wado de Pedro e o vice-presidente, Amado Boudou, estiveram reunidos com o presidente temporário do Senado, Federico Pinedo, e o futuro secretário da presidência, Fernando de Andreis, para tentar chegar a um acordo.
Cristina já deu sinais de que irá ao Congresso, o que também poderá ser um problema para Macri, que não poderá barrar sua presença também no Senado.
Fontes ligadas ao presidente eleito informaram que caso Cristina de Kirchner apareça no parlamento, será direcionada a uma tribuna para onde foram convidados os ex-presidentes Carlos Menem, Eduardo Duhalde e María Estela Martínez de Perón.
Aliados de Macri ingressaram na Justiça com pedido de liminar para ele passe a ser presidente já a partir da meia-noite de quarta para quinta, o que daria poder à equipe do sucessor o controle sobre a cerimônia.
A decisão foi tomada depois que documentos da Secretaria-Geral da Presidência sobre a posse de Macri mostraram que o mandato de Cristina terminava às 24h de quinta para sexta.
Pelas redes sociais, militantes da agrupação kirchnerista La Cámpora estão convocando aliados de Cristina a se reunirem em frente ao Congresso para se despedirem da presidente, com o slogan “Simpre con vos [sempre com você]”.