Prestes a perder a liderança do PMDB na Câmara, Picciani pede socorro a filho de Sérgio Cabral

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Se nesse cabo de guerra que surgiu a partir do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, a derrota não coube apenas à presidente da República. Entre os derrotados também está o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), que atropelou o presidente nacional da legenda, Michel Temer, e passou a negociar diretamente com o Palácio do Planalto as devidas contrapartidas ao seu posicionamento contra o impedimento da petista.

Arrogante e crente que é um az da política nacional, Leonardo Picciani tentou fazer na Câmara dos Deputados o que seu pai, Jorge Picciani, faz na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Se na Alerj faltam corajosos para enfrentar Picciani, o pai, na Câmara e no PMDB sobram valentes para desbancar Picciani, o filho.

Depois de prometer a Dilma o que não poderia cumprir – indicar peemedebistas amestrados para a comissão processante – Leonardo Picciani mais parecia a fulanização da canção “Meu Mundo Caiu”, eternizada na voz insuperável de Maysa Monjardim.

Diante da débâcle que despontava no horizonte e ameaçado de perder a liderança do PMDB, o que significa abrir mão dos cargos que abocanhou sozinho na reforma ministerial, Picciani, o filho, foi obrigado a pedir socorro aos parceiros fluminenses. Preocupado com a intifada que tomou conta de mais da metade da bancada do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani recorreu ao deputado licenciado Marco Antônio Cabral.


Eleito deputado federal em 2014, Marco Antônio é filho do ex-governador Sérgio Cabral Filho – aquele das danças nas ruas de Paris com guardanapo na cabeça – e até esta terça-feira (8) estava à frente da Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude do Estado do Rio de Janeiro, cargo arranjado pelo governo Luiz Fernando Pezão, também do PMDB. Atendendo ao desesperado apelo de Picciani, o filho, Marco Antônio Cabral demitiu-se do cargo para reassumir o mandato parlamentar.

A estratégia consiste em garantir a Leonardo Picciani mais um voto na bancada do PMDB, que por maioria simples pode defenestrar o líder da legenda. Horas antes da votação que terminou em histórica derrota do governo, peemedebistas fizeram verdadeira peregrinação ao Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência, para buscar o apoio de Temer para tomar a liderança de Picciani. O plano não foi concluído por falta de tempo, mas, pelo sim ou pelo não, Leonardo Picciani preferiu cabalar o apoio de mais um aliado.

O líder do PMDB está com os dias contados e certamente será substituído por alguém alinhado com o presidente nacional da legenda, que dependendo dos desdobramentos do pedido de impeachment em breve poderá ocupar o principal gabinete do Palácio do Planalto. Com isso, na composição do novo governo o afobado e guloso Picciani ficará de fora, com toda certeza. É aquele velho ditado popular que diz que come cru aquele que tem pressa.

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