Uma empresa brasileira desenvolveu um exame rápido capaz de fazer o diagnóstico do Zika vírus. O teste é similar a um teste de gravidez e foi aprovado em agosto pela Anvisa. O exame ainda pode identificar outras duas doenças endêmicas: a chikungunya e a dengue.
Normalmente, o resultado do exame para identificação do Zika vírus demora 10 dias para sair. Com o teste criado pela Orange Life, o médico pode chegar ao diagnóstico final em apenas 20 minutos.
É preciso apenas uma pequena amostra de sangue do paciente, que é depositada em um pequeno bastão. A partir disso, o teste confirma ou descarta duas infecções causadas pela picada do mosquito, a dengue e febre chikungunya. Caso o exame dê negativo para as duas doenças e a pessoa continue a apresentar sintomas da zika, o médico pode fazer o diagnóstico a partir de outro produto criado pela empresa: o Smartreader.
“Embora as três doenças tenham sintomas parecidos, há características próprias de cada uma delas que, unidas aos exames, que nos permitem chegar a um diagnóstico por exclusão”, afirmou Marco Collovati, médico que idealizou o produto e presidente da Orange Life.
O dispositivo, parecido com um smartphone, assimila o resultado do teste rápido com os sintomas apresentados pelo paciente. Depois, ele gera uma pontuação que determina a porcentagem de risco de a pessoa estar com zika, dengue ou chikungunya.
“A lógica do aparelho é parecida com a do médico. Primeiro, ele precisa descartar o que é mais simples para chegar à doença complicada”, ressalta Collovati. “Ele faz isso a partir de uma conversa sobre os sintomas para depois aplicar o teste”.
O dispositivo também transmite os dados e o resultado dos exames rápidos em tempo real para a central de dados do Estado que utiliza o equipamento. Para isso, basta o médico introduzir o teste no aparelho que as informações são enviadas.
A Secretaria de Saúde da Bahia já usa o Smartreader em seus hospitais públicos desde março deste ano. De acordo com dados da empresa, o Estado registrou mais casos de zika do que Pernambuco. A Bahia contabiliza apenas 37 casos da má-formação, contra 646 casos suspeitos de Pernambuco.
Além de diagnosticar as doenças, o Smartreader faz um mapeamento e localiza os pontos de focos do mosquito a partir de dados do paciente, como endereço da moradia. Desse modo, uma política de rastreamento e prevenção pode ser criada para diminuir o número de casos.
“O Smartreader pode ajudar o governo a limitar o perímetro e atuar nele para que uma epidemia não se inicie”, define o médico.
Até o momento, mais de 120 cidades de Minas Gerais já estão utilizando o aparelho, conforme Collovati. Tanto o teste rápido quanto o aparelho não são vendidos ou disponibilizados diretamente para o público.
“As farmácias estão nos procurando para fazer um posto de atendimento rápido. Mas estamos aguardando a aprovação da Anvisa”, finaliza o idealizador.