Nova fase da Lava-Jato pode azedar ainda mais a relação do PMDB com o governo de Dilma Rousseff

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A deflagração da Operação Catilinárias, mais recente fase da Operação Lava-Jato, pode trazer problemas para o governo petista de Dilma Rousseff, que defende as investigações e o direito à ampla defesa dos investigados, conforme anúncio feito na manhã desta terça-feira (15), em Brasília. Em nota divulgada à imprensa, a presidente salientou que espera “que todos os investigados possam apresentar suas defesas dentro do princípio do contraditório, e que esse processo fortaleça as instituições brasileiras”.

Alvo de pedido de impeachment que aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal para seguir seu caminho, Dilma vive às turras com o PMDB, situação que piorou sobremaneira depois da carta contundente do vice Michel Temer e das tentativas palacianas de imiscuir em questões internas do PMDB, como a saída do deputado federal Leonardo Picciani (PMDB-RJ) da liderança da legenda na Câmara.

Com a ação da Polícia Federal, que atingiu figuras estreladas do PDMB, o partido deu importantes passos na direção do desembarque do governo. Presidente nacional do partido, Michel Temer reuniu-se às pressas na manhã desta terça com caciques peemedebistas, no Palácio do Jaburu, para avaliar o mais novo desdobramento da Lava-Jato.

Temer poderá convocar reunião extraordinária da cúpula do partido para decidir questões relacionadas à Operação Lava-Jato e também a oficialização do rompimento do partido com o governo, o que atrapalharia os planos de Dilma Rousseff, que não apenas espera derrubar o pedido de impeachment na Câmara, mas quer ver aprovadas inúmeras matérias do interesse do governo.

Com a Operação Catilinárias, a possibilidade de o governo sofrer derrotas históricas nos plenários do Senado e da câmara cresceu de forma assustadora nas últimas horas, uma vez que senadores e ministros do partido foram alçados à mira da PF, que cumpriu mandados expedidos pelo Supremo Tribunal Federal.


Entre os muitos temas de interesse do governo que correm o risco de produzir um efeito devastador, no melhor estilo tsunami, está a votação do Orçamento da União para 2016, que pode ser aprovado com corte de R$ 10 bilhões no programa “Bolsa Família”, que o PT usa como ferramenta para manter e ampliar o seu curral eleitoral.

Com a eventual aprovação do Orçamento, que garante o recesso parlamentar, Dilma corre o risco de arrumar uma nova zona de atrito com a população, que não mais suporta a avalanche de corrupção e os efeitos de uma política econômica equivocada e míope. Se o PMDB levar a cabo a tese de que a Operação Catilinárias foi uma retaliação à aceitação do pedido de impeachment, Dilma que comece a preparar a mudança, pois nada mais será como antes.

Confira abaixo a íntegra da nota divulgada pela Presidência da República:

“Nota à imprensa

O Governo Federal espera que todos os fatos investigados na nova fase da Operação Lava Jato envolvendo Ministros de Estado e outras autoridades sejam esclarecidos o mais breve possível, e que a verdade se estabeleça.

Que todos os investigados possam apresentar suas defesas dentro do princípio do contraditório, e que esse processo fortaleça as instituições brasileiras.

Secretaria de Imprensa
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República”

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