Petrolão: em nova delação, Baiano envolve ex-ministros argentinos, Renan e Jader

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Fernando Falcão Soares, conhecido no universo das propinas como “Fernando Baiano”, um dos delatores da Operação Lava-Jato, revelou em depoimento à Procuradoria-Geral da República que ele e Nestor Cerveró, o ex-diretor da área Internacional da Petrobras, receberam US$ 300 mil cada para que a transportadora de eletricidade Transener fosse vendida a um grupo da Argentina, entre 2006 e 2007.

O lobista envolveu, em sua delação premiada, dois ex-ministros argentinos no esquema de corrupção da Petrobras. Baiano ainda afirmou que ‘estavam envolvidos na negociação’, além dos argentinos, os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Jader Barbalho (PMDB-PA), o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) e o então ministro de Minas e Energia do governo Lula, Silas Rondeau.

De acordo com Fernando Baiano, em 2006 ou 2007 ele foi procurado pelo lobista Jorge Luz, que representava o grupo argentino Eletroengenharia. O delator relatou que a empresa estava interessada na compra da Transener.

“Procurou Nestor Cerveró para falar sobre o assunto, tendo sido informado que o negócio já estava fechado com um grupo norte-americano, com parte do pagamento já realizado, restando apenas a aprovação do governo argentino”, ressaltou.

O delator afirmou que diante da informação, Jorge Luz, ele próprio e o ex-ministro argentino Roberto Dromi (Governo Carlos Menem) traçaram uma estratégia para a não aprovação da venda pelo governo argentino pelo ministro Julio de Vido (2003-2015/Governos Néstor Kirchner e Cristina Kirchner).


“Para acertar dentro da Petrobrás a venda da empresa para o grupo argentino pela mesmo valor do negócio que seria levado a efeito pelo grupo norte-americano, o colaborador recebeu US$ 300 mil. Nestor Cerveró recebeu igual quantia. Jorge Luz fez os acertos e pagamentos aos políticos, não sabendo informar os valores pagos”, informou o lobista.

Baiano foi preso em dezembro do ano passado. O juiz federal Sérgio Moro, que mandou prendê-lo, condenou-o dezesseis anos, um mês e dez dias de reclusão por corrupção e lavagem de dinheiro em uma ação da Lava-Jato. Segundo a sentença, o operador teria intermediado propina de US$ 15 milhões sobre contratos de navios-sonda. Os valores teriam sido repassados à diretoria da Área Internacional da Petrobrás, ocupada na época por Nestor Cerveró – também preso e condenado na Lava-Jato.

Renan Calheiros e Silas Rondeau negam veementemente o recebimento de valores ilícitos. Em seu Twitter, o ex-ministro Julio de Vido afirmou que não conhece Jorge Luz e Fernando Baiano.

“Nunca vi na minha vida e não sei que gestões podem ter realizado”, declarou Julio de Vido. “Eu sei que, graças à decisão política de N. Kirchner, poderíamos defender o interesse nacional e evitar a ‘estrangeirização’ da Transener. Isto permitiu que pudéssemos encarar a maior expansão de linhas de energia, com a construção de 5.500 quilômetros de linhas de alta tensão ligados a 13 províncias, alguns como a Patagônia ou Formosa foram incorporadas ao sistema nacional pela primeira vez”, completou.

Senador pelo PMDB do Pará, Jader Barbalho declarou que “em 2006, época a que se refere Fernando Baiano, eu não era senador. Não conheço Fernando Baiano. Nunca participei da venda de nada que não fosse meu”.

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