De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a crise econômica verde-loura está deixando milhares de chefes de família sem emprego. Somente em novembro, 548 mil deles estavam desempregados nas seis principais regiões metropolitanas do país, 56,9% mais do que no mesmo mês de 2014.
Esse número começou a crescer em janeiro deste ano, quando 357 mil chefes de família estavam sem emprego em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador. Com o aumento, a taxa de desemprego entre essas pessoas atingiu 4,7% em novembro de 2015.
O índice está abaixo da média geral no Brasil, de 7,5%, mas esconde uma das principais consequências desse movimento: outros membros da família que antes não trabalhavam passam a procurar emprego, sem que haja vagas disponíveis para acomodá-los. Desta forma, a taxa de desemprego sobe.
Além disso, o poder de compra de todos os membros da família diminui, com repercussão sobre setores como comércio e serviços, gerando um círculo vicioso.
Para o economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria Integrada, “isso vai fazer com que outras pessoas tentem recompor essa renda perdida”. Segundo o IBGE, há 1,286 milhão de “outros membros” da família buscando emprego, 52,3% mais que em novembro do ano passado.
No site de busca Vagas.com, a procura tem sido crescente. O cadastro de novos currículos atingiu 173 por hora na média do acumulado do ano até setembro, 11,6% mais do que no mesmo período de 2014. Até novembro, a alta acelerou para 17%. As oportunidades, no entanto, encolheram 4% até o mês passado.
“Temos percebido que a faixa etária de 25 a 34 anos é a que mais procura, mas o crescimento tem sido maior entre 18 e 24 anos”, destaca Rafael Urbano, especialista em Inteligência de Negócios da Vagas.com. Entre os jovens, os cadastros avançaram 49% de janeiro a novembro ante igual período de 2014, conforme o site.
A procura por emprego por jovens é o que mais tem dado combustível ao aumento do desemprego neste ano. Antes, o movimento era contrário: os pais tentavam preservar o estudo dos filhos e bancavam seu sustento. Agora, com a renda encolhendo quase 10%, não há como mantê-los longe do trabalho.
O economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, afirma que a situação ainda pode piorar. “Como essas pessoas são as fontes principais de renda, elas não têm condição de sair do mercado de trabalho. Algumas fazem bicos ou abrem o próprio negócio e não são consideradas desocupadas. Mas a probabilidade de o negócio dar certo em 2016 é baixa”.
“É um emprego muito vulnerável. O risco é que essa pessoa vire desempregada e a taxa de desemprego dê um salto”, disse o economista. Segundo ele, a taxa de desemprego deve atingir seu pico em 2017, provavelmente em dois dígitos, para só então começar a arrefecer em 2018.