Nomeação de embaixador cria novo atrito diplomático entre Brasil e Israel

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A relutância do Brasil em aceitar a nomeação do novo embaixador indicado por Israel – o diplomata Dani Dayan – ligado aos assentamentos judaicos em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia – acabou gerando um novo atrito diplomático entre os dois países.

Desde agosto, o governo Dilma Rousseff ignora a indicação de Dayan, argentino naturalizado israelense. O principal motivo seria o fato de ele ter presidido, entre 2007 e 2013, o chamado Conselho Yesha, instituição que representa os 500 mil colonos israelenses em territórios palestinos.

No domingo (27), o governo israelense disse que o Brasil arrisca arruinar as relações bilaterais, caso não aceite o nome o indicado para assumir a embaixada em Brasília.

“O Estado de Israel deixará como secundário o nível das relações internacionais com o Brasil, caso a nomeação de Dayan não seja confirmada”, afirmou a vice-ministra das Relações Exteriores, Tzipi Hotovely.

O Brasil apoia em sua política externa a criação de um Estado palestino e, assim como outros países, considera ilegais os assentamentos judaicos nos territórios ocupados.

As autoridades brasileiras evitam comentar o caso, e não confirmam se a presidente Dilma Rousseff vai aceitar ou não a nomeação. Uma fonte do Itamaraty afirmou à agência Reuters que isso não deverá acontecer.

A fonte, que preferiu não se identificar por não ser autorizada a se pronunciar sobre o assunto, disse que Israel teria que escolher outro embaixador, para evitar uma piora nas relações, que já estão arranhadas desde 2010.

Naquele ano, o Brasil decidiu reconhecer a Palestina como um Estado com territórios que incluem Jerusalém Oriental, Cisjordânia e Faixa de Gaza.

As tensões bilaterais aumentaram no ano passado, quando o porta-voz da chancelaria de Israel chamou o Brasil de “anão diplomático” depois de o Itamaraty retirar seu embaixador como forma de protesto pela então ofensiva militar israelense em Gaza.


Dayan defende indicação

Emmanuel Nahshon, porta-voz do Ministério brasileiro das Relações Exteriores, afirmou que os laços entre os dois países são “bons e importantes”. Ele lembrou que Israel acertou recentemente a abertura de mais um consulado no país e que empresas israelenses de segurança têm boas oportunidades de negócios durante os Jogos Olímpicos do Rio, em agosto.

No fim de semana, Dayan defendeu sua indicação, dizendo que o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não estava fazendo o suficiente para pressionar o Brasil a aceitá-lo. O diplomata afirmou que o caso poderá abrir um precedente que impedirá no futuro moradores de assentamentos de representar Israel no exterior.

Israel é um dos principais fornecedores de tecnologia para as indústrias de aviação e de defesa do Brasil. O ex-ministro das Relações Exteriores no governo Lula e da Defesa no primeiro governo Dilma, Celso Amorim, disse na semana passada que a disputa com Israel demonstra a necessidade do Brasil de reduzir sua dependência dos equipamentos israelenses. (Com agências internacionais)

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